sexta-feira, 25 de julho de 2008

Fragmentando meu eu através das palavras dos outros - Parte 1

"Se o brilho das estrelas dói em mim,se é possível essa comunicação distante,é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela trêmula dentro de mim" (Perto do Coração Selvagem, Clarice Lispector)

"Não sei sentir-me onde estou" (Fernando Pessoa)

"Pergunto a mim mesmo porque é assim,igual pra todo mundo,mas dói bem mais em mim" (Dançando com a Lua, Capital Inicial)

"A tarde me acalma,a noite me consome" (Dançando com a Lua, Capital Inicial)

"Será que eu sou assim tão fácil de esquecer?Ou sou algum qualquer pra não te merecer?" (Passos Falsos, Capital Inicial)

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo" (Sentimento do Mundo, Carlos Drummond de Andrade)

"Perdi o bonde e a esperança.Volto pálido para casa." (Soneto da Perdida Esperança, Carlos Drummond de Andrade)


Acordar, Viver

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

Tally M. disse...

É engraçado como existem coisas que parecem tanto que foram escritas por nós... Mas não foram! E aí vc descobre que alguém já disse, há anos, exatamente o q vc pensava ou sentia.
Beijo grande!