quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Estou tentando escrever há meses, mas não passo do rascunho...
Acho que porque não consigo definir a fase na qual estou.
Ando estranha. E reprimindo, mais do que nunca, os sentimentos
e pensamentos. E, por conta disso, sinto que vou explodir a
qualquer momento. Então eu paro e respiro fundo, como se eu
quisesse empurrar tudo ainda mais pra dentro de mim e deixar
bem escondido. Talvez, eu não exploda, mas imploda. Eu não quero
ferir ninguém, mas estou ferindo a mim mesma. Aqui dentro, um
pedaço de mim desmorona a cada dia e ninguém vê, pois minha carcaça
está intacta. E a maior parte das pessoas só se interessa pela carcaça
mesmo. Então está tudo bem enquanto meu sorriso estiver rasgando meu
rosto.
Mesmo que esteja rasgando, pouco a pouco, cada tecido, órgão e pele.
Emudeci.
E os gritos com os olhos não são vistos ou ouvidos. Não são nada.
Vou ficar aqui quietinha no canto... implodindo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Alguns escritos no caderno ou em notas no celular ou apenas
pensamentos antes de dormir ou no metrô ou durante a aula...:

Meu coração era feito de açúcar.
Azedou!
Minha alma amargou, amargurou, mal agourou!

(24/05/2011)

***

Adormecendo a alma! Porque, quando se dorme, não dói mais!

(24/05/2011)

***

Eu deveria ter nascido uma barata. Assim quando eu fosse pisada,
morreria e pronto.
Ser humano é pisado tantas vezes e tem que suportar.

(24/05/2011)

***

Pense igual a todo mundo e viva rodeado de pessoas.
Pense diferente e fique sozinho.
Eu fiquei sozinha!
Deve ser porque as pessoas só querem ouvir aquilo que agrada.
Mas eu também queria estar perto de pessoas que pensam como eu.
Se eu as achasse!

(24/05/2011)

***

Hai Kai

No peito, a verruga
nada mais é do que
o coração, este sanguessuga!

(17/05/2011)

***

Só a sua presença já me ultraja!

(28/03/2011)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A tristeza fez de mim a sua morada e trouxe, como hóspede, a raiva. E as duas têm me habitado há um longo tempo. Tão longo que eu me habituei a elas. Gosto da companhia.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Fernando Pessoa(s)

Hj fui ver a exposição do Fernando Pessoa no Museu da Língua Portuguesa. AMEI!!! Identifico-me com sua pluralidade e multiplicidade. "Sê plural como o universo", ele disse. Lá no Museu, me lembrei que dentro do caderno na minha bolsa estava um papelzinho onde eu tinha escrito: "Quem? Eu sou quem? Eu sou qual? Ou quais? Eu sou plural. Eu não sou, eu são!" (Raquel Zichelle, 14/11/2010). Foi engraçado me dar conta deste papel ali no meio de tantos Pessoa, tantas pessoas. Não é de agora que eu admiro o poeta, minha identificação com seus escritos vem de longa data, mas hoje, mais do que nunca, eu senti que "eu sou muitos" (como ele também disse) e que posso ser tantas outras mais, sem medo ou vergonha por não ser uma!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Eu deveria largar tudo e ir dormir. Mas uma dor aguda nos ossos me impede de levantar da cadeira e ir para a cama, mesmo ela estando aqui do lado. Na verdade, a dor nos ossos não é o problema. Eu não quero dormir porque há uma ânsia de não sei o que apertando o peito. E eu só queria me aquecer. A noite tem uma brancura gélida. E não adianta eu me encolher. A cabeça toca os joelhos, mas é a minha cabeça nos meus joelhos e nunca a cabeça de outrem nos meus joelhos ou a minha cabeça nos joelhos de outrem. Mas a solidão penetra meus pelos. A solidão toca, íntima, meu corpo. Os olhos úmidos - únicos - na secura do abandono. O silêncio gargalha nos ouvidos. Minha mão segura minha outra mão: vai ficar tudo bem. Mas eu não tenho certeza. Cada poro de minha pele grita. Mudo. E o relógio pula os minutos zombando de mim. Eu deveria dormir. E só despertar quando os ossos estiverem quentes. Mas eles estão sempre frios. Eu deveria apenas dormir. Dormir. Mas é tudo tão frio... tão frio...

(04/01/2011)