terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Desabafos e devaneios 2



Essa postagem será bem longa. Nela, estão reunidos textos de final de outubro até agora (e tem um de julho que só hoje resolvi publicar). Talvez eu nem sinta mais algumas coisas escritas, mas fizeram sentido qdo as escrevi e acho importante compartilhar assim mesmo.

***

Sem graça. Entediada. Deslocada. Todo esse bla, bla, bla é vazio e sem sentido. Mas insistem em derramar sobre mim as suas visões. Palavras de ordem: vote em fulano, assista ciclano, ouça beltrano! Eu só queria um pouquinho de silêncio... Silêncio compartilhado, de gente que se gosta e se entende sem tantas palavras gritadas! Gente que olha, sei lá, uma pedra e não vê apenas uma pedra. Vê as gotas da chuva na janela e se perde no escorrer da água. Vê uma estrela e sente uma pontada no peito, como se dentro dele, estrelas brilhassem também. No ar, gritos de opiniões vazias. Achismos. Imposições. É uma guerra de quem fala mais! De quem tem a razão! Mas será que temos alguma razão? Como querer que o outro engula goela abaixo as suas convicções? Como querer encaixar tudo em conceitos? Tem aquele que escapa. Que não se identifica. Eu não tenho muitas certezas. Eu vago entre conceitos, convenções, pensamentos opostos, contraditórios. Sei lá se isso é bom. Eu apenas continuo a flutuar. É fácil se perder assim. Ficar sem saber como agir. Mas eu apenas continuo sem chão. E todas as vezes que tento encontrar algum sentido, algo a me prender, eu me frustro. Essa frustração tá doendo demais. Parece que tem algo amassando meu peito. Sufocando.
Cansaço. Cansaço profundo.  É um cansaço de existir. É um cansaço das relações sociais e de todas as convenções que as envolvem. É um cansaço de mim. É um cansaço de como eu lido com as pessoas. É um cansaço de estar em um lugar sem realmente estar neste lugar. É um cansaço de sorrir. É um cansaço dos sonhos tolos.
Tá tudo errado nessa porra toda!
Eu estou com raiva. Os mesmos erros, os mesmos medos.
Paraliso!
"Você vai desistir sem ter tentado?", ela pergunta. Isso ecoa em mim desde então. Eu não sei o que fazer. Não tenho coragem de assumir o que sinto. Então apenas sufoco...
Às vezes, eu fico observando pessoas conversando e como elas olham profundamente nos olhos umas das outras e dizem o que sentem e pensam, sem constrangimento (aparentemente, pelo menos). Olham nos olhos e dizem o quanto gostam daquela pessoa. E eu penso: "Como?". Eu apenas não consigo entender. Eu me sinto tão vulnerável. Desconfortável. Eu tento me proteger a todo custo e só me firo mais.

A Alanis Morissette tem uma música, Numb, do cd novo, que resume mto do que sinto:

Entorpecida

Eu me sinto sufocada, onerada, derrotada e abatida
Desapontada, levada além dos limites, frustrada
E abalada

Esse sentir demais, amar demais, esse fechar das cortinas
Continua
Com nenhuma chance de intervalo,
Eu vou estar de saída, eu vou embora


Como me privar da sensação?


Lá vem um sentimento
Eu corro do sentimento
E busco pela droga
Não posso tolerar esse sentimento
Prefiro estar voando
E confortavelmente entorpecida


Eu me sinto ansiosa, estou nervosa, estou entediada
Estou vencida, prefiro estar fora de mim


Como me privar da sensação?


Lá vem um sentimento
Eu corro do sentimento
E busco pela droga
Não posso tolerar esse sentimento
Prefiro estar voando
E confortavelmente entorpecida


Eu estou sozinha, sinto fome e não amada
Me sinto com raiva, eu lividamente preciso de um abraço


Lá vem um sentimento
Eu corro do sentimento
E busco pela droga
Não posso tolerar esse sentimento
Prefiro estar voando
E confortavelmente entorpecida


***

Eu só fui lá por sua causa. Aproximação frustrada. Abismo. Quanto mais eu tento chegar perto, mais longe eu fico. Pensei que você pudesse tornar a minha solidão menos dolorosa, mas você só a acentua mais. Você me falta.

***

São mais de 6 horas... Comecei a madrugada entristecida por causa de uma pessoa e termino agora chorando por outra. Lembranças de uma que me levaram a outra... e assim é... A primeira ainda está na minha vida, não como eu gostaria, mas está. A segunda, está saindo. Não porque eu queira, mas porque ela escolheu.
Há 6 anos, éramos tão unidos... e, agora, nem no seu Facebook eu estou mais... sem o menor motivo... nós ainda nos víamos, uma vez por ano, mas nos víamos... Escrevi sobre o seu sorriso há mais de 4 anos... e ele continua sendo o meu preferido. Você continua sendo o meu preferido... E você nunca chegou a saber disso... mas não precisava... Idas e vindas... mas ainda éramos amigos... E, agora, eu nem estou mais no seu Facebook. E eu nem ao menos sei o porquê. Até uns meses atrás nos dávamos bem... Achei umas fotos nossas antigas... 5, 6 anos passam rápido. Você disse ano passado que não deveríamos nos ver somente uma vez por ano... E, menos de um ano depois, não faço mais parte da sua lista de amigos. Tentei mandar mensagem, você não respondeu. Mas a foto no seu perfil mudou. Você excluiu todas as pessoas daquela época e só deixou uma, como era óbvio. Menos mal, não fui a única excluída. Mas nós ainda éramos amigos. O que foi nosso penúltimo encontro? Você se lembra? Pois eu não vou esquecer. Assim como não vou esquecer todos os outros. Éramos apenas amigos. E você não faz ideia do quanto eu te amei... e amo... você não faz ideia do quanto eu aguentei calada... sem poder dizer... não faria diferença...  Aquele texto do sorriso continua fazendo sentido anos depois. Seu sorriso ainda é o mais encantador e eu continuo querendo devorá-lo... Você nunca poderia sentir por mim o que eu senti por você, e não te culpo. Sermos amigos me bastava. Mas você está saindo da minha vida... E tudo isso dói, apesar de eu me esforçar pra ignorar o que está acontecendo... Pensei inúmeros textos para colocar aqui, cheguei a fazer uns rascunhos, todos eles se referiam a outra pessoa que eu citei no início. Mas estou aqui escrevendo sobre você e não sobre o outro. E você nem ao menos lerá esse texto... (08/07/2012)

***

Dia desses, sonhei com você, de novo. Mas este sonho foi mais intenso que todos os outros que tive com você, foi tão intenso que acordei confusa se tinha sido algo real. Você tinha encontrado em mim algo que faltava em você e me segurava forte. E eu, nem ao menos, conseguia olhar pra você e dizer que, na verdade, eu quem encontrei em você o que faltava em mim. Eu não disse nada.

***

Você habita minha confusão! E eu... eu só sei que quando você toca minha mão, meu coração tremula rápido. Não sei se gosto de você por sermos parecidos ou por qualquer outro motivo que desconheço. Olho pra você e tudo isso parece errado! "É meu amigo", sentencio. "Talvez eu só goste da atenção que ele me dá", penso. E, quando tudo parece certo então, você segura minha mão e toda a certeza se esvai. Há quase um ano que sua imagem persiste em atormentar meus pensamentos. Eu mal consigo olhar pra você... Tenho vergonha de assumir o que sinto! Vergonha e culpa! Suas mãos ainda seguram as mãos dela com força. Os vestígios ainda estão lá... E eu sobro no meio disso tudo! Me sinto tão estranha... E o pior é saber que eu não escondo apenas por medo do não, mas, principalmente, por medo do sim! Eu fugiria! É, essa que é a verdade, eu fugiria!

***

História de amor

Gosto. Não assumo. Fim.

***

Excesso de solidão mata?

***

Alguém pra ficar em silêncio, juntos, sem constrangimento. É só isso que espero.

***

Nicest Thing - Kate Nash


All I know is that you're so nice
You're the nicest thing I've seen
I wish that we could give it a go
See if we could be something

I wish I was your favourite girl
I wish you thought I was the reason you are in the world
I wish my smile was your favourite kind of smile
I wish the way that I dress was your favourite kind of style

I wish you couldn't figure me out
But you'd always wanna know what I was about
I wish you'd hold my hand when I was upset
I wish you'd never forget the look on my face when we first met

I wish you had a favourite beauty spot that you loved secretly
'Cause it was on a hidden bit that nobody else could see
Basically, I wish that you loved me
I wish that you needed me
I wish that you knew when I said two sugars, actually I meant three

I wish that without me your heart would break
Yeah, I wish that without me you'd be
Spending the rest of your nights awake
I wish that without me you couldn't eat
Yeah, I wish I was the last thing on your mind before you went to sleep

Look, all I know is that
You're the nicest thing I've ever seen
And I wish we could see if we could be something
Yeah, I wish we could see if we could be something

Saturno - Capital Inicial

Parece que a casa pega fogo
E o mar evapora
Parece que a festa nunca acaba
E só eu vou embora, só...
Parece que a tristeza estava ali parada esperando por esse dia
Fica aqui comigo, a minha melancolia precisa da sua companhia
Parece que vai chover pra sempre
O pior da minha vida
Parece que ninguém fala minha língua
Nenhuma rua tem saída
Mas, parece que a tristeza estava ali parada esperando por esse dia
Fique aqui comigo a minha melancolia precisa da sua companhia
Parece que a tristeza estava ali parada esperando por esse dia
Fique aqui comigo, a minha melancolia precisa
Parece que a tristeza estava ali parada esperando por esse dia
Fique aqui comigo, a minha melancolia precisa da sua companhia
Da sua companhia
***

Você é a minha melhor lembrança, mas talvez eu precise de lembranças novas.

***

"If you love me, won't you let me know?" (Violet Hill - Coldplay)

Lembrei dessa frase da música qdo vi o filme Compramos um Zoológico. A menina escreveu na janela: "If you love me, let me know". Aí eu fiquei pensando no qto eu sou covarde em não deixar os outros saberem o qto eu gosto deles, mas fico esperando eles demonstrarem o que sentem por mim. Neste mesmo filme, outra fala chamou a atenção: "Às vezes tudo o que precisamos é de 20 segundos de uma coragem insana. Literalmente 20 segundos de bravura destemida. E eu lhe prometo, algo maravilhoso virá disso". Estão faltando esses 20 segundos de coragem insana pra mim... 

***

Preste atenção nos pontos de exclamação! Assim como as reticências, os pontos de exclamação escondem (ou revelam, para os mais atentos) muito do que sinto. Quase nunca os uso à toa, sem intenção. Fica a dica!!! ;)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Desabafos e devaneios...

Eu vejo você tentando, e eu desperdiço cada tentativa sua... Isso me angustia! Mas eu, simplesmente, não consigo dizer nada! Você me cala... Eu gosto de ouvir a palpitação, no meu peito, batendo no ritmo de suas palavras... Eu olho dentro de mim quando vejo você e isso não poderia ser mais aterrorizador! Emudeço, estremeço... Eu imagino a sua mão se envolvendo na minha e não passa de um pensamento tolo no meio de tantos outros... Eu queria me transbordar... transbordar e escorrer até você, manchando-o comigo... Mas o medo barra qualquer gota que possa respingar em você. O medo me seca!

***

Desmoronando lentamente... Tento juntar os restos das cascas, ficar rígida de novo! Não resisto por muito tempo. Sorrio para os arredores! Tudo tão falso! Tento fazer do orgulho o meu alicerce! Não adianta! Não impede o desabamento...

***

O desconforto me exausta! Eu só queria um pouco de alívio! Eu não relaxo, estou sempre nervosa, ansiosa, incomodada, inquieta!

***

"Estou olhando nos olhos. NÃO OLHA! Agora, tô fitando a boca, será que estão percebendo? Vou olhar nos olhos de novo pra disfarçar. Não consigo. Isso, ajeita a calça, amarra o tênis que não desamarrou. Olha pros lados! PROS LADOS! Xi, vão perceber que eu tô olhando demais pros lados. Volta pros olhos. Não! Pra boca! Mexe na mochila! Isso, a mochila disfarça bem. Mas eu não tenho o que pegar na mochila. AAAAH! O celular. Finge que tem algo pra olhar no celular. É, essa não vai colar por muito tempo. Será que tá na cara que eu estou desconfortável? Eu não quero que fique na cara. Raquel, olha pra pessoa!!! Sorri! Isso! Presta atenção no assunto! NO ASSUNTO!!!"
Metade do que me falam simplesmente se perde... Isso acima não é nenhum exagero. É exatamente assim que fico em quase todas as conversas. Deu pra tentar entender o INFERNO, e faço questão de ressaltar esta palavra, que é ser eu?
O ator, às vezes, em cena, não sabe o que fazer com as mãos. Pensa isso fora de cena, acontecendo todos os dias. É assim. EXATAMENTE assim! E antes fosse não saber apenas o que fazer com as mãos. Eu não sei o que fazer comigo!

***

Irrita quando querem me fuzilar com piadas e brincadeiras a todo momento. Gosto do contraste. Gosto do riso que surge pra quebrar com o peso da seriedade e responsabilidades. Mas se é o tempo todo, não há o que quebrar. Se a cada coisa que eu disser, eu receber como resposta uma piada, ela se banaliza, ela vira comum e perde o sentido de ser e a força que possui. Ela não transforma, ela mantém. Ela vira rotina, ela se cristaliza. Ela vira monotonia. Ela entedia. Se o humor entedia, não há humor. Não há graça. Não encanta, não satiriza, não reflete, não critica, não cutuca. Apenas irrita e isso não muda nada. O tiro sai pela culatra. Podem discordar. Só estou dizendo que, comigo, não funciona e me sinto metralhada e de saco cheio!

***


Deitou-se no chão gelado. Nua. Precisava sentir o corpo vivo. Pediu que cobrissem seu corpo com rosas vermelhas e que os espinhos fossem penetrados em sua pele. No peito, cravou uma estaca. Algumas rosas mergulhavam no sangue... se confundiam no vermelho vivo. Vivo. O momento que antecede a morte é onde o corpo encontra-se verdadeiramente vivo! Só ali, naquele exato momento; preciso! Um suspiro e fim! A vida de forma plena só é possível em alguns segundos... não vivemos, existimos e existir não é mais do que viver... (25/06/2009)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Nada mais tem me bastado! Nada. Ninguém! Estou esperando por alguém que, milagrosamente, faça essa porra de vida ter um mínimo de graça! Nada! Ninguém! Mesmo ao me deparar com alguém que pensa a vida como eu, que a sente como eu, não basta. Não é suficiente para que algo aconteça! É um desperdício tamanho! Nada! É aí que percebo que é sozinha mesmo que vou ficar. Não aguento tanta falta de lirismo, sutilezas e delicadezas. Não aguento tanta falta de sensibilidade! Estamos brutos! O amor está desacreditado! Eu já o abandonei. Sim, eu me acomodei. O que eu quero vai além da carne, mas parece que é só a carne que interessa aos olhos babentos... Deixa pra lá... Como já me foi dito, tão sabiamente, eu quero "dessexualizar o sexo"... Bobagem, não é mesmo? Às vezes, eu queria ser só um pouquinho como os outros, estes que olham o sexo como ele é, sem idealização, sem babaquice de menina sonhadora... Estes que desejam e fazem sem muitas teorizações, mimimis, devaneios e rodeios... Sentem o que tem que sentir, e isto basta! Mas, pra mim, não! Nada basta! Sempre à espera do que não chega... E eu nem sei mais o que espero... O esperar é confortável, no fim das contas... Deixa pra lá... Ninguém tem nada a ver com isso mesmo.

sábado, 31 de março de 2012

Texto novo. Não é uma poesia, nem um conto, sei lá o que é isso. Uma angústia. Eu escrevo angústias...


O silêncio sepulta o peito e os lábios acimentam-se. 
A língua, agora pétrea, repousa na boca. 
Vaga, penitente, a virgem enlutada sob o manto negro.
Desfaz-se, em cinzas, os pés descalços, secos.
Secos... 
Os olhos, opacos, não lamentam a própria morte.
Vaga a virgem enlutada... a virgem seca. 
Seca!

(Raquel Zichelle - 30/03/2012)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Fiz uma nova poesia, se é que posso chamar assim. Ela foi inspirada em músicas que estava ouvindo esses dias... Não tem título, por enquanto. E talvez eu ainda a modifique. Mas, por ora, é isso:

Se me vê, não vejo.
Se te olho, escondo.
Se me toca, é de raspão.
Se sorri, sorrio.
Se fala, me calo.
Se silencia, nem um pio.
Se fica, já parti.

Se com, eu sem.
Se sim, eu não.
Se vem, eu na contramão.
Se me beija, é no rosto.
Se me olha, desvio.
Se desvio, já não viu.
Sorri, você já partiu.

(Raquel Zichelle - 11/03/2012) 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Alguns textos que escrevi voltando pra casa hj (e alguns pensamentos que tive):

A garota que sorri atrás do vidro da janela

Parada, em pé, a garota vislumbra o que acontece além da janela. E sorri.
Há pessoas rindo.
Algumas discutem.
Outras se beijam.
Todas vivem.
A menina contempla a vida ao seu redor, sempre atrás do vidro. E sorri.
Ela está ali. Mas é como se não estivesse. As pessoas até notam que atrás da janela há alguém e, de vez em quando, olham pra menina. Mas ela é apenas a menina atrás da janela.
E sorri.

(Texto inacabado)

***

Eu vou me rasgar até toda dor sair.

***

"O que é a dor?" ou "Só mais uma definição de dor"

Há estrelas dentro de mim.
Bilhões delas.
Bilhões delas cutucando,
perfurando,
penetrando,
alfinetando,
insistentes, insistentes com suas pontas finas.
Com suas pontas laminosas.
Pratas.
Facas.
E, ainda assim, tão belas.

***

Deitada no chão do quarto, olhando o teto. Ouvindo Fix You e cantando "when you try your best, but you don't succeed...". Essa sou eu deprimida.

***


Talvez eu saia como a vilã da história.
Mas ninguém olha pra própria vilania.
Se é que há vilões realmente.

***

"Desistir não é andar pra trás. É mudar de caminho". Essa frase pode ser clichê ou meio "auto-ajuda", mas caiu como uma luva pra mim. Desistir de algo que não serve mais não é covardia, pelo contrário, é um ato corajoso e sábio. Saber dizer adeus pra aquilo que já não faz mais sentido é difícil. Mas por que insistir na rua sem saída? Há outros caminhos.

***

Por ora, são esses os pensamentos e textos. Alguns inacabados e toscos, mas precisava escrever aqui.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Essa postagem vai ser bem longa, pois tenho muito que dizer.

No último ano, eu emudeci. Não fui capaz de exteriorizar o que sentia, exceto em poucos momentos, com uma ou outra pessoa (e uma delas, a minha psicóloga). Emudeci a escrita também. Quem acompanha o meu blog (quase ninguém, hehe) deve ter notado o silêncio. Eu costumava escrever bastante aqui, sempre usei meu blog como refúgio, mas no último ano, eu quase não apareci por aqui e a última publicação antes dessa é de agosto! Eu tentei desabafar as dores e aflições, tenho alguns rascunhos salvos, mas não conseguia finalizar os textos e publicá-los. Sentia que não devia tornar público os meus sofrimentos. E o que fiz nesse tempo foi apenas publicar no Recanto das Letras textos já antigos, dores antigas (embora algumas ainda existam). E tanto silêncio só poderia me levar a um caminho: o mais distante possível das pessoas. Mas eu tinha que fazer isso. Eu estava machucada, profundamente magoada, com a ferida exposta. Então, me recolhi. Fui cuidar da ferida, coloquei as bandagens e esperei até que cicatrizasse. Quietinha no meu canto. Não podia deixar que se aproximassem e infeccionassem a ferida e nem podia contaminar ninguém com a minha dor. Só que enquanto eu cuidava do machucado sem pedir ajuda a quase ninguém, as pessoas que eram próximas trataram de cuidar das suas vidas, estabelecendo laços com outras pessoas, fortalecendo a relação com elas. E eu me senti fora de tudo. Fora de sintonia. Sozinha. Acho que nunca me senti tão sozinha como no último ano. E não sei se culpo apenas a mim por ter me afastado ou as pessoas que não perceberam que eu estava sofrendo em silêncio. Não sei nem se há culpados. Mas a sensação que eu tinha era a de que eu estava colocando tijolos ao meu redor, enquanto do outro lado do muro, as pessoas colocavam cada uma seu tijolinho também. Mas talvez elas quisessem ajudar e eu também não tenha percebido. Vai ver eu deixei mãos estendidas sem resposta. Não sei. Não importa mais. Eu precisava ficar sozinha pra me curar. Pra entender a raiva que eu estava sentindo, a mágoa, a desilusão, o orgulho ferido e a vergonha. Foram meses difíceis. E agora eu preciso correr atrás do que e de quem deixei pra trás. E não sei muito bem como fazer isso. Eu já era fechada com as pessoas mesmo quando estava me sentindo bem com elas, e agora é ainda pior. Eu nem ao menos sei se elas me querem de volta. Não sei se ainda há espaço na vida delas pra mim. Eu vou ter que reconquistar esse espaço. Vou ter que me abrir, me mostrar, escancarar as minhas fragilidades, a minha vulnerabilidade. Vou ter que sair da minha redoma ou permitir que entrem nela. Eu estou com medo. Quando eu tento quebrar alguma barreira e me aproximar, eu me sinto ridícula. Fico achando que tudo o que eu falo é idiota e sem sentido. Fico achando que as pessoas estão pensando "n" coisas a meu respeito (coisas ruins). Então, eu não arrisco com medo dos julgamentos. Medo de ser rejeitada. Engraçado, temo ser rejeitada pelos outros, mas rejeito a mim mesma. Eu mesma já me condeno. Eu me acho tão sem graça. Ou me deixei acreditar nisso, por culpa daquelas pessoas que não gostavam de mim e que, sim, eu era sem graça pra elas, eu era boba, feia, esquisita pra elas. Eu fui rejeitada por elas. Mas eu não deveria dar valor ao que elas pensam a meu respeito. Eu não posso agradar todo mundo (e ainda não consegui me convencer disso, embora repita isso constantemente). Mas aquelas risadas de zombaria ainda ecoam em mim... mesmo tanto tempo depois... E eu deixo isso afetar todas (ou quase todas) as minhas relações. E eu fugi e fujo delas. E ainda me escondo usando a desculpa da "coitadinha rejeitada". É patético, eu sei. Nunca neguei que sou patética (tenho até um texto todo dedicado ao meu pateticismo).
E, como toda boa solitária que foge de relacionamentos, eu me alimento de fantasias, sonhos e idealizações. Eu criei personagens, amigos, amores. Alter ego. Dei vida a bonecos. E acredito neles. Encontrei neles uma forma de expressão. Mas quem entende uma pessoa com quase 26 anos andando pra cima e pra baixo com um leão de pelúcia (ou outros bichos de pelúcia), falando através dele, criando histórias, músicas, situações? Dizem que sou infantil. Tem um filme com o Mel Gibson que ele tem um fantoche de castor e faz o mesmo, mas eu não assisti ainda e queria mto ver, não sei direito como é a história, mas parece que ele acaba se deixando dominar pelo boneco. Não acredito que seja o meu caso. Eu cresci assim. Desde que me conheço por gente, eu brinco com meus bonecos e foi natural crescer desse jeito. Não tive a fase: “agora eu sou uma mocinha, vou trocar meus brinquedos por maquiagem”. E, sinceramente, não sei pq algumas pessoas se incomodam com o fato de eu não ter feito isso. Elas se acham muito adultas por que abandonaram seus brinquedos? Eu acho isso triste e não motivo pra orgulho. E é bastante questionável a idéia de infância e do ser adulto e o comportamento que cabe ou não a eles. Eu uso meus bonecos como uma forma de comunicação, assim como a escrita, pra tentar contornar a minha dificuldade de aproximação, de contato, de fala, de olho no olho com as pessoas. E também são companheiros. Sabe o Wilson do filme Náufrago? Então, tenho meus Wilsons também... E é isso. Às vezes me sinto envergonhada, ou até mesmo louca, por causa disso, mas é apenas eu sucumbindo ao controle que os outros querem impor sobre mim. O que eu acho prejudicial é o fato de eu ser tão sonhadora e idealizar tanto as coisas que acabo me decepcionando pq o mundo não é doce e sensível como eu gostaria que fosse. Então, eu preciso viver isso na ficção, de alguma forma. Aí eu me apego a músicas, filmes, séries, personagens... e me deixo envolver. Mas sobre isso eu escreverei outro dia (pretendo, pelo menos). Ainda tenho tanto a dizer, mas está tudo confuso. Vou tentar não emudecer outra vez e escrever os incômodos no blog como eu sempre fiz. Por ora, é isto.