segunda-feira, 14 de junho de 2010

Bastão?
Bastam!
Tum! Pá! Hey!
Não pode cair.
Mas caiu.
Caiu.
Tum! Pá! Hey!
Bastam!
Basta!
Bas... tum... pá... hey...
Minha vez! Eu não quero!
A metáfora do bastão é a mesma da bola: "passa a bola!"
Não! Não passem a bola pra mim!
Hunf...
Por mim o bastão sempre cairia e a bola ficaria no canto...
Não preciso falar!
Blá!
Blá!
Blá!
Não preciso que me passem a porra de um bastão pra que eu tenha que falar!
Já passou pela suas cabeças que eu não quero falar? Pelo menos, não do modo que vocês acham que é falar... Eu falo o tempo todo. Infelizmente, as pessoas não aprenderam a me escutar, mas eu, eu tenho sempre que tentar me adaptar aos outros. Eu quero que os outros explodam com o seu blá, blá, blá irritante!
Eu escrevo... sim, não deixa de ser um monte de blá, blá, blá, mas convenhamos que as suas vozes irritantes e a minha voz irritante, as nossas vozes irrrr...rrri...TANTES, argh, ficam, ao menos, tolerantes quando só ecoadas no silêncio dos pensamentos...
Pensamentos...
Tenho aos montes! De todos os tipos e tamanhos! Freneticamente, eles correm... vocês acham que no meio dessa confusão, um bastão, um simples bastão de merda dado a mim vai fazer com que eu pegue um desses pensamentos e simplesmente abra a boca e o diga, assim, sem mais nem menos, jogado? Hahahaha... tenham dó!
Se vocês adoram o som do blá, blá, blá, eu entendo, mas eu não gosto. Quando essas vozes falam, as palavras soam vazias para mim. Incluse a minha própria voz. Ela não me diz nada! Minha voz não é nada! O som dela, quando emitido, rasga toda a essência que possa existir, qualquer fiozinho de sentido. Minha voz destrói o que quero expressar. Prefiro a minha voz escrita. Ou pensada! Nunca dita!
Eu estou agressiva. E não é pra menos! Tenho raiva do "falar". Do "escrever" também, diga-se de passagem, mas esse, eu ainda tolero. Chegará o tempo que escrever me será tão repugnante quanto falar... e pensar será ainda mais asqueroso... aí viver se tornará insuportável... pensando bem, bom que seja insuportável. Estou cansada de suportes. As palavras suportam ou tentam suportar o abstrato. Eu quero o insuportável! O indizível! Eu quero não ter que cercar de conceitos tudo o que eu sinto. Essa forma que sufoca. As palavras sufocam. Vejam quantos pontos finais nesse texto, quantas vírgulas, reticências... pra quê? Isso tudo só reprime...
Reprime!
Oprime!
Imprime!
Prime!
Rime!
Não sou livre! Não serei livre! Não posso fugir de mim... vocês podem? Não fugir de mim, mas de vocês mesmos? Vocês já tentaram fugir? Vocês já quiseram fugir?
Sumir... ser transparente... ser o nada... o tudo... não ter forma... não ter limite... NÃO DÁ!!!!!!!!
NÃO DÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!
Grito em vão... do que adianta?
No final das contas, o bastão ainda vai estar lá!