domingo, 2 de dezembro de 2007

Carniceira





Esses lábios que te beijam,sangram!


Esse corpo que encosta no teu,sangra!


Essa mão que te acaricia,sangra!





Repouso e sinto tuas lâminas!


Afiadas,entram pelo meu corpo!


Corta pulmão,corta coração!





Tens a face fria!Rispidamente fria!

Solidão,és tão fria!


Ó solidão,por que me machucas assim?

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Olhou fixamente para o papel branco a sua frente.
O papel a encarava."Não vai escrever nada não?"
Nada.
Nem uma palavrinha se quer,nem um rascunhozinho que fosse.
O papel branco continuava a encarar."Não me olhe assim".Mas ele continuava a olhar.Cada vez mais intimidante!
"Olha,eu não tenho culpa se nada sai,eu não tô inspirada,tá legal?"
O desconforto aumentava."Porra,não tem nada na minha mente,tá branca,tudo branca,igual vc,seu papel estúpido,fica aí me encarando como se as coisas fossem mudar"
O papel branco estava irredutível!
"Olha,não adianta me encarar desse jeito,ok?Eu não vou escrever nada,pq eu não tenho o que escrever,as palavras foram embora,fugiram,desapareceram,evaporaram,escafederam-se.Ah,os sentimentos?Escafederam-se junto com as palavras.Tem nada aqui dentro não.Tudo vazio,vazio!Quer melhor maneira de representar o vazio do que com uma folha branca de papel?Ahn?Não vai responder não,seu papel idiota?Vai continuar me olhando com essa cara pálida e sonsa?Ah,vê se me dá um tempo!Tá vazio,td vazio aqui dentro!Quer saber de uma coisa?Tchau,bye bye!"
E ela queimou a folha de papel e jogou o que sobrou no lixo!

domingo, 4 de novembro de 2007

-Oi,tudo bem?
-Tudo."Não!" E você?
-Tudo bem.Como está a facul?
-Ah,a facul vai indo..."Tá mto difícil,não sei se é isso mesmo que eu quero,não me sinto realmente bem lá,apesar de eu me esforçar pra isso,não converso com mta gente lá.Pra falar a verdade,não sinto vontade de falar com ninguém.Tirando alguns poucos amigos,que às vezes,eu tb evito." E você?Tem estudado bastante?
-Nossa,e como!
-Né,eu tb."Não tenho ânimo pra estudar,no máximo,estudo um dia antes da prova,ou no próprio dia mesmo,isso qdo eu não falto."
-E de resto,o que tem feito?
-Ah,trabalhando e fazendo curso de teatro."Trabalhando?Caraca,como vc é cara de pau de dizer que tá trabalhando,vai uns dias no escritório,isso qdo vai,td bem que no começo ia sempre,mas agora?Vc acumula tudo,depois vai lá e faz td de uma vez só e pronto,acha que trabalhou.Enquanto as outras pessoas trabalham todos os dias,assumem suas responsabilidades,não ficam com desculpinha barata e esfarrapada pra não ir.Ah,a parte do teatro é verdadeira!" E vc,o que tem feito?
-Trabalhando muito,saindo de vez enquando.Como tá o curso de teatro,tá gostando?
-Estou sim,lá é mtooo bom,eu amo!"É,de fato lá é bom mesmo e eu amo,mas às vezes penso em desistir,não aguento mais lutar contra minha timidez.E eu sou auto-crítica demais,td o que eu faço,eu acho um lixo,não consigo achar um elogio verdadeiro,tirei boas notas,mas isso não me animou,pelo menos,não verdadeiramente.Eu não sou boa o qto queria.Tremo toda vez,fico vermelha,minha vontade é de sumir,o chão podia abrir e me engolir.As pessoas me intimidam,seus olhares sobre mim me fazem sentir pequena,bem pequena.As palmas no final da cena só me aliviam pq indicam que terminou,vou sentar na platéia novamente e observar os outros.É,talvez meu lugar seja na platéia mesmo e não no palco."
-Ah,que bom que vc ama lá.
-Pois é,tive sorte."Ah,vamos mudar de assunto?"
-Ah,mudando de assunto agora...
-"Ainda bem"
-Tá namorando?
-Não e você?
-Tb não,mas estou à procura.E pq vc não tá namorando?
-Ah,não apareceu a pessoa certa ainda."Pois é,não apareceu...nem sei se vai aparecer,nem sei se existe a pessoa certa,se existe o amor pra vida toda ou se isso é besteirinha de filme que colocam na nossa cabeça.Ou não né.Tem tanta gente feliz no amor,eu reconheço.É,deve existir o amor pra vida toda sim.Mas eu,bem,eu não acredito que exista pra mim.Não penso em casar.Pensar nisso me causa horror,pânico.Imagino minha vida morando sozinha,ou então,com meu Costelinha,o cachorro que ainda vou ter.Ah,penso em adotar dois filhos tb.Mãe solteira mesmo.Ah,mas eu me apaixono né.Pelas pessoas erradas sempre,mas me apaixono...minha vida amorosa é um desastre,vc tocou num ponto perigoso,vamos trocar de assunto de novo?"
-É,pra mim tb não,mas ainda vai aparecer e nós seremos mto felizes com nossos maridos.
-É,pois é.:) "Argh,:( Como vc tem tanta certeza de que terei um marido?"
-Se Deus quiser!
-"É,se ele existisse,quem sabe né.Ah,vc não sabe?Eu sou atéia!"
-Mas sabe...apesar das dificuldades do dia-a-dia,eu sou mto feliz.Tô sempre de bem com a vida.
-Ah,isso é ótimo."Deve ser ótimo né,não sei o que é isso.Vc sente dor,tristeza,solidão,um vazio?Vontade de morrer?Ah,não deve sentir.Inveja.Sim,te invejo.Eu queria estar sempre de bem com a vida e não ser essa morta-viva que finge que vive...Xiii,vc não me entenderia,melhor deixar pra lá."
-É mesmo.
-Bom,preciso ir agora.Tchau,bjokas!
-Beijos!
-"Ah,estou sozinha novamente.É assim que eu gosto!"

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ela se levantou,lentamente,como todas as manhãs.
Olhou as horas no celular,7:30.Atrasada!Rotina,como ela odiava rotina!
Colocou os chinelos,caminhou até o banheiro,lavou o rosto e fixou o olhar no espelho...ficou se encarando por um momento...Não se reconhecia mais.
Todos os seus gestos e ações eram automáticos,não havia nada dela neles,não havia personalidade,não havia mais alma,tinha se dissipado na entediante rotina.
Saiu do banheiro,voltou para o quarto,escolheu uma roupa qualquer,já não importava.
Se vestia com desesperança.Assim mesmo,ambíguo.
Não tomou café.Nunca tomava.Não sentia fome pela manhã.Não sentia fome em tempo algum.
Seu rosto era pálido,frio,não esboçava nenhum sorriso,nem ao menos mexia os lábios.
Saiu do apartamento,igualmente frio.Desceu as escadas.Há um mês o elevador estava quebrado.
Não cumprimentou nenhum vizinho.Não falava com ninguém.
Andou até o ponto de ônibus e ficou por lá mais ou menos 40 minutos.O tempo de sempre.O ônibus estava lotado,pessoas se amarrotando,se amontoando,se esbarrando.Ela em pé não demonstrou nenhuma reação.50 minutos depois,desceu.Andou um tanto até chegar ao trabalho.Seu ofício?Escrever obituários num jornal.Um jornal sem muita relevância.Para ela,nada mais importava.Só sabia que odiava rotina!O único sentimento que ainda resistia e pulsava dentro de si.
Passou o dia escrevendo sobre as mortes.Às vezes,se perguntava pq escrevia sobre pessoas que nem ao menos conhecia.Não encontrava resposta.Não conhecia ninguém mesmo.Talvez escrever sobre elas a fizesse ser menos só...Se julgou como elas,afinal,estavam mortas.Depois,pensou melhor.Não era como elas.Essas pessoas,enquanto vivas,viveram.Ela era como uma morta-viva.
À noite,já em seu apartamento,comia algo,não por fome.Comer era apenas mais uma ação,como todas as outras.E como todas,não sabia porque as fazia.Não percebia nada.O apartamento cheirava a mofo,as janelas sempre fechadas.O cheiro já não incomodava.
Foi se deitar.E na escuridão,dormiu.Não sonhou.
7:30 levantou atrasada,lentamente.
Rotina,odiava rotina!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

E o vento começou a soprar...

A janela estava aberta...o vento entrou por ela,não sem antes brincar com as venezianas e enamorar a cortina.
Incansável,ele tomou conta do quarto...preencheu o vazio com magia...demorou um pouco,mas percebeu a menina que ali estava encantada,admirada:
-Vento,me leve com você...
O vento respondeu que sim,a levaria consigo e a transformaria em sua filha.
Ao sair do quarto,a menina se transformou em borboleta!
-Minha filha,agora és uma linda borboleta,voarás junto comigo.

A filha do vento é quem vos escreve.
Sejam bem-vindos ao meu mais novo blog.
Minha jornada se iniciou,vôo por lugares mágicos,sou levada pelo vento,sem destino,solta por aí...
Escreverei textos sobre quaisquer assuntos,narrarei aquilo que meus olhos de borboleta observarem...
Espero que gostem.
Abram seus braços,fechem os olhos e sintam o vento...ele já começou a soprar.