domingo, 9 de janeiro de 2011

Eu deveria largar tudo e ir dormir. Mas uma dor aguda nos ossos me impede de levantar da cadeira e ir para a cama, mesmo ela estando aqui do lado. Na verdade, a dor nos ossos não é o problema. Eu não quero dormir porque há uma ânsia de não sei o que apertando o peito. E eu só queria me aquecer. A noite tem uma brancura gélida. E não adianta eu me encolher. A cabeça toca os joelhos, mas é a minha cabeça nos meus joelhos e nunca a cabeça de outrem nos meus joelhos ou a minha cabeça nos joelhos de outrem. Mas a solidão penetra meus pelos. A solidão toca, íntima, meu corpo. Os olhos úmidos - únicos - na secura do abandono. O silêncio gargalha nos ouvidos. Minha mão segura minha outra mão: vai ficar tudo bem. Mas eu não tenho certeza. Cada poro de minha pele grita. Mudo. E o relógio pula os minutos zombando de mim. Eu deveria dormir. E só despertar quando os ossos estiverem quentes. Mas eles estão sempre frios. Eu deveria apenas dormir. Dormir. Mas é tudo tão frio... tão frio...

(04/01/2011)