domingo, 24 de janeiro de 2010

O coração palpitava freneticamente, não cabia mais no peito e tentava sair pela garganta. Sem sucesso, é claro. Ficara entalado! Então, numa ânsia desesperada para fazer o coração sair, o estômago tentava empurrá-lo, fazia força, muita força e nada, o máximo que conseguiu foi fazer sair um pouco de suco gástrico. O coração continuava a saltar, porém, diminuíra um pouco o ritmo, bem pouco. Mas suficiente pra acalmar o peito que não mais tentava expulsar o órgão que se agigantara! O peito passou a conter as batidas, a aguentá-las e forçá-las a diminuir lentamente... O remédio que tomara também ajudou, é claro. O remédio foi para o estômago, coitado, tentou tanto empurrar o coração que se cansara e enfraquecera. E o remédio dava sono, o que ajudava a acalmar o corpo. Quem via de fora nem imaginava a batalha que acontecera dentro. Que sufoco aquele corpo passara!

E tudo isso por ansiar demais! Se soubesse ser paciente, o corpo não precisaria sofrer tanto, se o coração se mantivesse forte, inflexível, sempre a bater no mesmo ritmo não cedendo aos apelos da expectativa, o peito seria sempre grande o suficiente para cabê-lo, a garganta não sufocaria e o estômago não precisaria empurrá-lo, no desespero de salvar o corpo da falta de ar! Mas o corpo é impaciente! Seus anseios trazem sequelas... na boca, o gosto sempre amargo; no estômago, o enjoo, a náusea, a dor; no peito, o aperto... E a constante falta de sono! Precisa sempre recorrer a remédios! O corpo já fraco, enfraquece ainda mais! Embora o rebuliço que acontece todos os dias dentro dele o faça parecer vivo, na verdade, falta vida em suas veias! E o cansaço toma conta cada dia mais desse corpo... e tudo isso por ele não saber como esperar, por não saber não ansiar demais! Tudo isso por não viver cada segundo plenamente, sem pulá-lo... por não viver o presente sem pensar no amanhã! O corpo anseia pelo amanhã e esse é o seu veneno letal!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eu a perdi de vista... Não importa o quanto eu devore seus escritos ou os outros me falem dela, eu a perdi... Não, ela nunca foi minha, mas eu sentia sua presença constantemente, mesmo quando ela não estava ao meu lado, nos ligávamos pelo o que sentíamos, pela dor que corroía o peito e sabíamos bem como era. Agora, a dor dela não é a mesma que a minha. Nem os medos que ela sente são os mesmos que sinto, nem as paixões que ela tem, eu tenho. Nada... Eu não sei mais quem ela é, o que ela sente... estamos distantes... e isso me deixa triste.
Porém, talvez eu deva deixá-la ir... ela escorreu pelos meus dedos e não tem mais como não deixar que ela escape... eu não soube segurar com força... mas ela não é do tipo que você segura... ela flui... ela escapa pelas fendas, quaisquer fendas... ela se mistura no ar, se dissolve na água, se absorve na terra... ela não pertence a ninguém, só ao mundo... E eu o invejo por tê-la e eu não!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Meu blog é uma espécie de confessionário, um lugar onde eu posso expressar sentimentos profundos e escondidos, mesmo que mascarados. Porém, por mais que seja um lugar de confissões, não sinto plena liberdade de escrever tudo o que tenho vontade. "As pessoas vão ler", penso. "O que elas vão achar disso?", penso mais um pouco. Meu problema é pensar. Se eu não pensasse talvez fosse livre. Pensar é uma prisão! Se eu não pensasse tanto, talvez conseguisse ser espontânea, não teria um filtro me dizendo o que devo ou não escrever, o que as pessoas devem ou não saber. Pensamos demais, e nos reprimimos. Se eu deixasse as pessoas lerem meus pensamentos, com certeza se escandalizariam. Porque se veriam nesses pensamentos. Se identificariam. O choque seria porque veriam seus segredos escancarados por aí! E não pode!

Eu falo de dois tipos de pensamentos, aquele que pensa as coisas mais sinistras, bizarras, pornográficas, pervertidas, maléficas, cruéis, incestuosas; e aquele que quer banir todos esses. Esse sim é a nossa prisão! Esse é que fica cutucando, dizendo: "olha lá hein, olha o que você vai fazer. O que o outro vai dizer disso? E a sua reputação? Olhaaaa bem. É pecado isso hein, se fizer isso, você é uma pessoa horrível". Não que às vezes ele não tenha razão, mas ele acha que pode controlar tudo e que pode te escravizar, sempre sob a máscara do bonzinho, do protetor: "faço isso pro seu próprio bem. Imagina se você fizer tudo o que pensa?". Mas e a nossa liberdade onde fica nisso tudo? Talvez a gente não deva mesmo fazer tudo o que pensa, mas e falar tudo o que pensa? Eu posso pensar que tô matando uma pessoa ou transando com várias no meio da rua. Eu não preciso realmente fazer isso, mas não posso falar?
É engraçado pensar que pensamentos reprimem pensamentos. Os que reprimem acabam me enlouquecendo de tanta imposição; os reprimidos me enlouquecem de tanta repressão.

Ahá. Acabei de me dar conta de que existe um terceiro tipo de pensamento. Afinal, se não fosse por ele, eu não estaria escrevendo isso tudo agora. O reprimido não tem forças e o repressor não me deixaria falar contra ele, certo? Então há o pensamento intermediário. Hum...então há uma saída? Ou ele é só um joguete que o repressor faz pra me confundir? Pra me dar a sensação de certa liberdade, quando na verdade ele me controla mais? Acho que seja qual deles for, eu sou só uma marionete da minha mente. E ser ciente disso faz parte da manipulação.
Se existe uma saída, ela se dá por meio dos instintos. Os outros animais os tem mais apurados, nós temos instintos também, mas eles se enfraqueceram porque somos condicionados a pensar antes de agir. Pensar, pensar, pensar. Só escrevo porque penso.
E esse texto foi pensado e repensado enquanto escrito, coisas foram apagadas, palavras foram substituídas. Não consigo fugir do filtro do pensamento.
O fluxo de idéias aqui aparenta ser espontâneo, mas não é. Nunca é.
E quanto mais eu penso sobre isso tudo, mais me enrolo em milhares de redes de outros pensamentos.
Não dá pra fugir.
Fim.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Primeira postagem de 2010. Não que isso tenha alguma importância, esse não será um texto relevante pra vida de ninguém, será apenas mais uma tentativa de expressar sentimentos, devaneios, anseios, desesperos, angústias e (por que não?) esperanças...
Eu ando com os nervos a flor da pele, angustiada e ansiosa. Em parte, boa parte aliás, por causa do vestibular. É só uma prova, dizem. É, realmente, é uma prova. Uma prova que, na minha opinião, não prova nada. Não prova se eu tenho conhecimento ou não, se eu estou apta a cursar uma universidade como a USP ou a Unesp e assim vai. O máximo que ela prova é se você consegue naquele dia se sair bem. Ponto. Se você é uma pessoa calma, provavelmente vai se sair melhor do que muita gente que se preparou pra valer durante o ano todo, mas que não é uma pessoa calma, não é uma pessoa que consegue controlar a ansiedade, o medo, a tensão. Bom, mas é uma concorrência né e vale tudo. Portanto, se você não controla suas emoções, "baubau" pra você, presta vestibular de novo. As vagas são poucas e muita gente quer estudar, então ou você entra no esquema ou se dana. E quem liga? O pior é a cara de pau de falar que o conteúdo cobrado é o do ensino médio. Aham, Cláudia. Ensino médio de quem? O público que não é. Ah, e como se não bastassem as provas gerais, alguns cursos ainda têm as provas de habilidades. O meu, por exemplo. E funciona do mesmo modo, quem não controla as emoções, se ferra e se ferra bonito. Ah, e os tímidos só se ferram, como eu! Quem liga para os tímidos? Eles que se fodam. Os tímidos têm que aprender a não se mostrarem tímidos, caso contrário, tchau! Seja numa entrevista de emprego, numa prova oral, numa conversa banal, quem é tímido só sai perdendo! E se você se justifica como tímido, as pessoas ainda falam: "você não pode usar isso como desculpa". Desculpa do quê? Quem aqui está se desculpando? Eu não me desculpo por ser tímida! Vocês que deviam se desculpar por pisotear nos tímidos e cobrar deles algo que nem deveria ser cobrado. Por que os tímidos é que têm que se adaptar à situação, às pessoas ao redor e não elas aos tímidos? Aí viram e dizem pra você: "você se faz de vítima". Eu não me faço de nada. Eu sou o que sou e vivo na pele as dificuldades impostas pelos não-tímidos. É fato! Tanto é fato que na prova de transferência que eu prestei tentando passar de Letras pra Artes Cênicas na USP, os tímidos foram os que tiraram as menores notas. Por que será? Ah, vão dizer agora que ator não pode ser tímido. Claro que pode. Somos tímidos, mas estamos tentando, improvisando, criando, mesmo quando nossa natureza tímida tenta nos travar e nos impedir. Isso deveria ter algum mérito, não? É muito fácil pro extrovertido chegar lá e fazer sua improvisação, ele é espontâneo naturalmente, sem muito esforço. Mas os tímidos precisam passar por cima das travas para alcançar a espontaneidade! E conseguem! Então, puta que pariu, cadê o nosso mérito? Só o fato de a gente não desistir já é uma prova (já que se tem que provar alguma coisa) que estamos disponíveis, que queremos passar pelas barreiras, que temos condições assim como qualquer outro. E somos como qualquer outro. Não peço pra olharem os tímidos como se fossem "café com leite", não é pra dar uma "colher de chá" pra gente, uma vantagem! Não somos mais do que ninguém, mas a recíproca deveria ser verdadeira. E não é. Quem é mais "solto" se dá melhor. Eu já vi isso acontecer infinitas vezes! Mas lá vem a história da concorrência de novo. Não tem vaga pra todo mundo, então, é isso, ou se encaixa no sistema ou ele passa por cima de você sem dó. Eu vivo dizendo que somos máquinas, robôs, números, qualquer coisa, menos seres humanos. Nos colocam à prova todos os dias. E que se dane seus sentimentos, suas aflições, seus pensamentos, seus medos, suas histórias de vida. Não importa quem você é, mas como você se comporta nessas provas. Isso tudo pode parecer um desabafo tolo, mas é o que eu penso. Não gosto de vestibular e de nenhuma outra prova, desde aquelas do colégio até as provas na universidade e qualquer outra prova. Como eu já disse, pra mim, elas não provam nada. E as provas de habilidades são piores ainda, como o nome já diz, quer testar suas habilidades. Ou melhor, habilidades todos nós temos, mas tem algo bem específico que querem que tenhamos e quem tem, ótimo! Mas o que fazer? Não tem vaga pra todo mundo, algo então tem que selecionar. A universidade tinha que ser um direito de todos e todos deviam ter acesso a ela. Mas aí é utopia demais da minha parte. Então é isso, pra entrar na universidade pública, eu tenho que me sujeitar a sua seleção, mesmo discordando totalmente dela. E tenho que dar o meu melhor. Já perceberam como em tudo somos cobrados a dar o nosso melhor? Gozado que todo mundo enche a boca pra falar: "ninguém é perfeito", mas parece que cobram justamente a perfeição. Ser melhor. Ser cada vez melhor. O que é isso senão a busca pela perfeição? Já perceberam como tudo nessa vida é concorrido? Você tem que ser o melhor naquilo que quer, senão o outro vem e você fica a ver navios. Eu não gosto nem um pouco disso. Mas isso já está tão enraizado na sociedade que eu não vejo outra alternativa a não ser tentar me encaixar nisso tudo. E isso é triste. Eu sou obrigada a me contrariar. E é por isso que esse texto não tem importância nenhuma. É um desabafo que não vai me levar a lugar algum, já que eu tenho que me conformar como as coisas são e eu vou fazer vestibular nos próximos dias. Não fiquem bravos por eu ter feito vocês perderem o tempo de vocês com esse texto, eu também perdi o meu, podia estar estudando agora pra ser a melhor! Já estou em desvantagem, hahaha!
Mas é isso, se eu não passar no vestibular, isso não significa que eu seja incompetente. E se eu passar, também não significa que eu seja competente, hahaha! Quer dizer, tenho uma competência mínima exigida pra passar, mas daí a ser competente pro curso, já é outra história...
Tá tudo errado nisso tudo! Tudo muito errado! Mas pra eu não ficar com mais fama de reclamona, paro por aqui. C'est fini!

(Acabei o texto e percebi que faltou postar "as esperanças" que citei no começo, haha... hmm... eh... hmm... não tem esperança, mas vamos lá né, só pra não dizer que sou uma pessoa sem esperança: que 2010 seja um ótimo ano! Hahahahaha!)