segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Meu blog é uma espécie de confessionário, um lugar onde eu posso expressar sentimentos profundos e escondidos, mesmo que mascarados. Porém, por mais que seja um lugar de confissões, não sinto plena liberdade de escrever tudo o que tenho vontade. "As pessoas vão ler", penso. "O que elas vão achar disso?", penso mais um pouco. Meu problema é pensar. Se eu não pensasse talvez fosse livre. Pensar é uma prisão! Se eu não pensasse tanto, talvez conseguisse ser espontânea, não teria um filtro me dizendo o que devo ou não escrever, o que as pessoas devem ou não saber. Pensamos demais, e nos reprimimos. Se eu deixasse as pessoas lerem meus pensamentos, com certeza se escandalizariam. Porque se veriam nesses pensamentos. Se identificariam. O choque seria porque veriam seus segredos escancarados por aí! E não pode!

Eu falo de dois tipos de pensamentos, aquele que pensa as coisas mais sinistras, bizarras, pornográficas, pervertidas, maléficas, cruéis, incestuosas; e aquele que quer banir todos esses. Esse sim é a nossa prisão! Esse é que fica cutucando, dizendo: "olha lá hein, olha o que você vai fazer. O que o outro vai dizer disso? E a sua reputação? Olhaaaa bem. É pecado isso hein, se fizer isso, você é uma pessoa horrível". Não que às vezes ele não tenha razão, mas ele acha que pode controlar tudo e que pode te escravizar, sempre sob a máscara do bonzinho, do protetor: "faço isso pro seu próprio bem. Imagina se você fizer tudo o que pensa?". Mas e a nossa liberdade onde fica nisso tudo? Talvez a gente não deva mesmo fazer tudo o que pensa, mas e falar tudo o que pensa? Eu posso pensar que tô matando uma pessoa ou transando com várias no meio da rua. Eu não preciso realmente fazer isso, mas não posso falar?
É engraçado pensar que pensamentos reprimem pensamentos. Os que reprimem acabam me enlouquecendo de tanta imposição; os reprimidos me enlouquecem de tanta repressão.

Ahá. Acabei de me dar conta de que existe um terceiro tipo de pensamento. Afinal, se não fosse por ele, eu não estaria escrevendo isso tudo agora. O reprimido não tem forças e o repressor não me deixaria falar contra ele, certo? Então há o pensamento intermediário. Hum...então há uma saída? Ou ele é só um joguete que o repressor faz pra me confundir? Pra me dar a sensação de certa liberdade, quando na verdade ele me controla mais? Acho que seja qual deles for, eu sou só uma marionete da minha mente. E ser ciente disso faz parte da manipulação.
Se existe uma saída, ela se dá por meio dos instintos. Os outros animais os tem mais apurados, nós temos instintos também, mas eles se enfraqueceram porque somos condicionados a pensar antes de agir. Pensar, pensar, pensar. Só escrevo porque penso.
E esse texto foi pensado e repensado enquanto escrito, coisas foram apagadas, palavras foram substituídas. Não consigo fugir do filtro do pensamento.
O fluxo de idéias aqui aparenta ser espontâneo, mas não é. Nunca é.
E quanto mais eu penso sobre isso tudo, mais me enrolo em milhares de redes de outros pensamentos.
Não dá pra fugir.
Fim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Você aceitaria se corresponder comigo, Raquel?