sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ela se levantou,lentamente,como todas as manhãs.
Olhou as horas no celular,7:30.Atrasada!Rotina,como ela odiava rotina!
Colocou os chinelos,caminhou até o banheiro,lavou o rosto e fixou o olhar no espelho...ficou se encarando por um momento...Não se reconhecia mais.
Todos os seus gestos e ações eram automáticos,não havia nada dela neles,não havia personalidade,não havia mais alma,tinha se dissipado na entediante rotina.
Saiu do banheiro,voltou para o quarto,escolheu uma roupa qualquer,já não importava.
Se vestia com desesperança.Assim mesmo,ambíguo.
Não tomou café.Nunca tomava.Não sentia fome pela manhã.Não sentia fome em tempo algum.
Seu rosto era pálido,frio,não esboçava nenhum sorriso,nem ao menos mexia os lábios.
Saiu do apartamento,igualmente frio.Desceu as escadas.Há um mês o elevador estava quebrado.
Não cumprimentou nenhum vizinho.Não falava com ninguém.
Andou até o ponto de ônibus e ficou por lá mais ou menos 40 minutos.O tempo de sempre.O ônibus estava lotado,pessoas se amarrotando,se amontoando,se esbarrando.Ela em pé não demonstrou nenhuma reação.50 minutos depois,desceu.Andou um tanto até chegar ao trabalho.Seu ofício?Escrever obituários num jornal.Um jornal sem muita relevância.Para ela,nada mais importava.Só sabia que odiava rotina!O único sentimento que ainda resistia e pulsava dentro de si.
Passou o dia escrevendo sobre as mortes.Às vezes,se perguntava pq escrevia sobre pessoas que nem ao menos conhecia.Não encontrava resposta.Não conhecia ninguém mesmo.Talvez escrever sobre elas a fizesse ser menos só...Se julgou como elas,afinal,estavam mortas.Depois,pensou melhor.Não era como elas.Essas pessoas,enquanto vivas,viveram.Ela era como uma morta-viva.
À noite,já em seu apartamento,comia algo,não por fome.Comer era apenas mais uma ação,como todas as outras.E como todas,não sabia porque as fazia.Não percebia nada.O apartamento cheirava a mofo,as janelas sempre fechadas.O cheiro já não incomodava.
Foi se deitar.E na escuridão,dormiu.Não sonhou.
7:30 levantou atrasada,lentamente.
Rotina,odiava rotina!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

E o vento começou a soprar...

A janela estava aberta...o vento entrou por ela,não sem antes brincar com as venezianas e enamorar a cortina.
Incansável,ele tomou conta do quarto...preencheu o vazio com magia...demorou um pouco,mas percebeu a menina que ali estava encantada,admirada:
-Vento,me leve com você...
O vento respondeu que sim,a levaria consigo e a transformaria em sua filha.
Ao sair do quarto,a menina se transformou em borboleta!
-Minha filha,agora és uma linda borboleta,voarás junto comigo.

A filha do vento é quem vos escreve.
Sejam bem-vindos ao meu mais novo blog.
Minha jornada se iniciou,vôo por lugares mágicos,sou levada pelo vento,sem destino,solta por aí...
Escreverei textos sobre quaisquer assuntos,narrarei aquilo que meus olhos de borboleta observarem...
Espero que gostem.
Abram seus braços,fechem os olhos e sintam o vento...ele já começou a soprar.