sábado, 13 de novembro de 2010

Eu estou sempre me justificando... Já perceberam? É porque eu me sinto culpada e preciso de uma desculpa, se não for pra vcs me desculparem, então eu tento desculpar a mim mesma, procuro razões politicamente corretas para meus atos politicamente incorretos. Mas o que é correto e o que não é? Quem diz o que se deve ou não fazer? Eu deveria seguir as minhas próprias regras... sem culpa. Mas me culpo quando fujo das imposições alheias e me culpo quando as sigo. Parece que estou sempre errada. Seja lá o que signifique "errado". "Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida" (Poema de sete faces, Drummond). Acho que o mesmo anjo torto me visitou e eu só sei ser gauche.
Não correspondo às expectativas dos outros e quando correspondo, então não satisfaço a mim mesma: ou eu faço o que os outros querem como uma bonequinha e sou recompensada por isso ou quebro com as expectativas alheias e não suporto as consequências... eu não sou forte o bastante para agir por conta própria, não sem prejuízos. Eu me importo com os julgamentos, eu me importo com o que pensam a meu respeito. Mas é como a música diz: "Se eu for ligar para o que é que vão falar, não faço nada" (O Mundo, Capital Inicial). É isso. Tento me convencer disso. Eu não posso agradar o mundo! Por mais que eu queira! Nem se eu me repartisse em milhares e cada pedacinho fizesse o que os outros quisessem, nem assim eu conseguiria agradar, então, por que buscar por uma perfeição impossível? Por que me perder nessa busca? Eu deveria agradar a mim mesma em primeiro lugar e depois me preocupar se agradei os demais ou não. Não que eu não deva me preocupar com as pessoas, mas saber a medida certa de me importar. Eu não deveria pedir permissão para viver. Mas é o que eu faço! Estou aqui sempre pedindo licença, como se eu não pudesse estar aqui. Como se eu tivesse que andar sempre na ponta dos pés para não incomodar ninguém. E é tanta culpa corroendo o corpo. Tanta culpa! Culpa que me envergonha! Talvez isso explique a timidez... a cabeça baixa... os desvios do olhar... é culpa, tudo culpa! Não posso encarar as pessoas e seus olhos me condenando! Na verdade, eu sou a minha maior inquisidora! Eu já me condenei, eu mesma me sentenciei. E por isso eu mesma me puno! Por que será que eu sempre procuro algo pra sofrer? Porque eu acho que mereço a dor! Eu acho que mereço sofrer! Eu me castigo por crimes que nem sei se cometi! Eu só sinto a culpa, culpa, culpa, culpa... a culpa ecoa dentro de mim! Atordoa! Enlouquece! Culpa! Culpa! Culpa! E não importa o quanto eu tente me justificar. Eu não consigo o perdão, o meu próprio perdão. Não importa se eu tenho consciência de que eu mesma me coloco tanta culpa, culpa por algo que nem existe, que nem sei o que é. Não importa que eu saiba disso, não faz diferença. O fato é que eu não me perdôo por ser quem eu sou. Não tem o que perdoar, não é preciso perdão, eu sei. Eu sei disso tudo! Eu sei! Mas saber não me impede de sentir culpa... não adianta... e todo esse texto não passou de uma justificativa que não levou a nada, um pedido vão de clemência, uma tentativa desesperadora de fugir do castigo, mas a guilhotina já está afiada e o carrasco pronto, e eu tenho o pior carrasco: EU!