quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Alguns textos que escrevi voltando pra casa hj (e alguns pensamentos que tive):

A garota que sorri atrás do vidro da janela

Parada, em pé, a garota vislumbra o que acontece além da janela. E sorri.
Há pessoas rindo.
Algumas discutem.
Outras se beijam.
Todas vivem.
A menina contempla a vida ao seu redor, sempre atrás do vidro. E sorri.
Ela está ali. Mas é como se não estivesse. As pessoas até notam que atrás da janela há alguém e, de vez em quando, olham pra menina. Mas ela é apenas a menina atrás da janela.
E sorri.

(Texto inacabado)

***

Eu vou me rasgar até toda dor sair.

***

"O que é a dor?" ou "Só mais uma definição de dor"

Há estrelas dentro de mim.
Bilhões delas.
Bilhões delas cutucando,
perfurando,
penetrando,
alfinetando,
insistentes, insistentes com suas pontas finas.
Com suas pontas laminosas.
Pratas.
Facas.
E, ainda assim, tão belas.

***

Deitada no chão do quarto, olhando o teto. Ouvindo Fix You e cantando "when you try your best, but you don't succeed...". Essa sou eu deprimida.

***


Talvez eu saia como a vilã da história.
Mas ninguém olha pra própria vilania.
Se é que há vilões realmente.

***

"Desistir não é andar pra trás. É mudar de caminho". Essa frase pode ser clichê ou meio "auto-ajuda", mas caiu como uma luva pra mim. Desistir de algo que não serve mais não é covardia, pelo contrário, é um ato corajoso e sábio. Saber dizer adeus pra aquilo que já não faz mais sentido é difícil. Mas por que insistir na rua sem saída? Há outros caminhos.

***

Por ora, são esses os pensamentos e textos. Alguns inacabados e toscos, mas precisava escrever aqui.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Essa postagem vai ser bem longa, pois tenho muito que dizer.

No último ano, eu emudeci. Não fui capaz de exteriorizar o que sentia, exceto em poucos momentos, com uma ou outra pessoa (e uma delas, a minha psicóloga). Emudeci a escrita também. Quem acompanha o meu blog (quase ninguém, hehe) deve ter notado o silêncio. Eu costumava escrever bastante aqui, sempre usei meu blog como refúgio, mas no último ano, eu quase não apareci por aqui e a última publicação antes dessa é de agosto! Eu tentei desabafar as dores e aflições, tenho alguns rascunhos salvos, mas não conseguia finalizar os textos e publicá-los. Sentia que não devia tornar público os meus sofrimentos. E o que fiz nesse tempo foi apenas publicar no Recanto das Letras textos já antigos, dores antigas (embora algumas ainda existam). E tanto silêncio só poderia me levar a um caminho: o mais distante possível das pessoas. Mas eu tinha que fazer isso. Eu estava machucada, profundamente magoada, com a ferida exposta. Então, me recolhi. Fui cuidar da ferida, coloquei as bandagens e esperei até que cicatrizasse. Quietinha no meu canto. Não podia deixar que se aproximassem e infeccionassem a ferida e nem podia contaminar ninguém com a minha dor. Só que enquanto eu cuidava do machucado sem pedir ajuda a quase ninguém, as pessoas que eram próximas trataram de cuidar das suas vidas, estabelecendo laços com outras pessoas, fortalecendo a relação com elas. E eu me senti fora de tudo. Fora de sintonia. Sozinha. Acho que nunca me senti tão sozinha como no último ano. E não sei se culpo apenas a mim por ter me afastado ou as pessoas que não perceberam que eu estava sofrendo em silêncio. Não sei nem se há culpados. Mas a sensação que eu tinha era a de que eu estava colocando tijolos ao meu redor, enquanto do outro lado do muro, as pessoas colocavam cada uma seu tijolinho também. Mas talvez elas quisessem ajudar e eu também não tenha percebido. Vai ver eu deixei mãos estendidas sem resposta. Não sei. Não importa mais. Eu precisava ficar sozinha pra me curar. Pra entender a raiva que eu estava sentindo, a mágoa, a desilusão, o orgulho ferido e a vergonha. Foram meses difíceis. E agora eu preciso correr atrás do que e de quem deixei pra trás. E não sei muito bem como fazer isso. Eu já era fechada com as pessoas mesmo quando estava me sentindo bem com elas, e agora é ainda pior. Eu nem ao menos sei se elas me querem de volta. Não sei se ainda há espaço na vida delas pra mim. Eu vou ter que reconquistar esse espaço. Vou ter que me abrir, me mostrar, escancarar as minhas fragilidades, a minha vulnerabilidade. Vou ter que sair da minha redoma ou permitir que entrem nela. Eu estou com medo. Quando eu tento quebrar alguma barreira e me aproximar, eu me sinto ridícula. Fico achando que tudo o que eu falo é idiota e sem sentido. Fico achando que as pessoas estão pensando "n" coisas a meu respeito (coisas ruins). Então, eu não arrisco com medo dos julgamentos. Medo de ser rejeitada. Engraçado, temo ser rejeitada pelos outros, mas rejeito a mim mesma. Eu mesma já me condeno. Eu me acho tão sem graça. Ou me deixei acreditar nisso, por culpa daquelas pessoas que não gostavam de mim e que, sim, eu era sem graça pra elas, eu era boba, feia, esquisita pra elas. Eu fui rejeitada por elas. Mas eu não deveria dar valor ao que elas pensam a meu respeito. Eu não posso agradar todo mundo (e ainda não consegui me convencer disso, embora repita isso constantemente). Mas aquelas risadas de zombaria ainda ecoam em mim... mesmo tanto tempo depois... E eu deixo isso afetar todas (ou quase todas) as minhas relações. E eu fugi e fujo delas. E ainda me escondo usando a desculpa da "coitadinha rejeitada". É patético, eu sei. Nunca neguei que sou patética (tenho até um texto todo dedicado ao meu pateticismo).
E, como toda boa solitária que foge de relacionamentos, eu me alimento de fantasias, sonhos e idealizações. Eu criei personagens, amigos, amores. Alter ego. Dei vida a bonecos. E acredito neles. Encontrei neles uma forma de expressão. Mas quem entende uma pessoa com quase 26 anos andando pra cima e pra baixo com um leão de pelúcia (ou outros bichos de pelúcia), falando através dele, criando histórias, músicas, situações? Dizem que sou infantil. Tem um filme com o Mel Gibson que ele tem um fantoche de castor e faz o mesmo, mas eu não assisti ainda e queria mto ver, não sei direito como é a história, mas parece que ele acaba se deixando dominar pelo boneco. Não acredito que seja o meu caso. Eu cresci assim. Desde que me conheço por gente, eu brinco com meus bonecos e foi natural crescer desse jeito. Não tive a fase: “agora eu sou uma mocinha, vou trocar meus brinquedos por maquiagem”. E, sinceramente, não sei pq algumas pessoas se incomodam com o fato de eu não ter feito isso. Elas se acham muito adultas por que abandonaram seus brinquedos? Eu acho isso triste e não motivo pra orgulho. E é bastante questionável a idéia de infância e do ser adulto e o comportamento que cabe ou não a eles. Eu uso meus bonecos como uma forma de comunicação, assim como a escrita, pra tentar contornar a minha dificuldade de aproximação, de contato, de fala, de olho no olho com as pessoas. E também são companheiros. Sabe o Wilson do filme Náufrago? Então, tenho meus Wilsons também... E é isso. Às vezes me sinto envergonhada, ou até mesmo louca, por causa disso, mas é apenas eu sucumbindo ao controle que os outros querem impor sobre mim. O que eu acho prejudicial é o fato de eu ser tão sonhadora e idealizar tanto as coisas que acabo me decepcionando pq o mundo não é doce e sensível como eu gostaria que fosse. Então, eu preciso viver isso na ficção, de alguma forma. Aí eu me apego a músicas, filmes, séries, personagens... e me deixo envolver. Mas sobre isso eu escreverei outro dia (pretendo, pelo menos). Ainda tenho tanto a dizer, mas está tudo confuso. Vou tentar não emudecer outra vez e escrever os incômodos no blog como eu sempre fiz. Por ora, é isto.