segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Desabafos...

No dia 25/09/2010 escrevi um texto, não terminei, mas coisas que falo nele continuam sendo verdade, então vou postar assim mesmo. Depois, vou postar outros textos, um de hj e outro de 2007.

"Eu não sei muito bem o que eu quero falar, mas algo pulsa aqui dentro querendo que eu fale... qualquer coisa que seja. Eu guardo tantos segredos que eles estão me matando... A minha vontade é de gritá-los... mas eu não posso... não posso pois não arcaria com as consequências, essa que é a verdade. Eu sou covarde. Eu sou uma menininha assustada! Uma menininha que criou um mundo próprio, um mundo de ilusões! E todos que tentam entrar nesse mundo acabam destruindo um pedaço dele e a menina não quer desilusões! Mas é só com o que ela tem se deparado: desilusões! E isto está matando a menina! Então, saiam do mundo dela!!! É bem verdade que ela quem leva as pessoas para o seu mundo, mas se ela der a mão pra você e te convidar pra entrar, não aceite! Não brinque com a menina, pois ela não sabe brincar! Ela cai nas próprias armadilhas! E quem sofre é ela! E você nem se dá conta! E não é culpa sua! Mas deixe a menina em paz... é só o que ela quer: paz!" (25/09/2010)

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Cansei de mim. Estou em desavença comigo mesma, como disse o poeta Sá de Miranda: "Comigo me desavim/ Sou posto em todo perigo/ Não posso viver comigo/ Nem posso fugir de mim".
Eu não posso fugir de mim e cansei de não poder. Não posso viver comigo e cansei de viver. E cansei da minha idiotice. Cansei do mundinho de merda que eu criei pra mim. Mundinho de ilusões. Na verdade, cansei das pessoas esfregando o tempo todo na minha cara a realidade. Não cansei das ilusões, mas das desilusões. Eu poderia viver sonhando. Simples assim. Mas insistem em me fazer engolir a realidade. Eu não quero a realidade. Eu cansei da realidade. Eu cansei de falsas palavras: de ouvir e de dizer. Eu cansei de mentir. Eu cansei de me esconder atrás de máscaras. Eu cansei do meu sorriso, mas não cansei das minhas lágrimas. Eu cansei de querer ser alegre. A tristeza sempre combinou melhor comigo. Eu cansei de pensar nas pessoas. Eu cansei de só pensar numa pessoa. Eu cansei dos seus olhos azuis. Eu cansei da dependência e do apego. Eu cansei de ser patética. Eu cansei das palavras. De todas. Eu cansei dos sentimentos. Eu cansei dos meus pensamentos. Eu cansei de me sentir deslocada, de estar fora do lugar, de me sentir um peixe fora d'água em qualquer lugar que eu esteja, com qualquer pessoa que seja. E da sensação desconfortável que isso dá. Eu cansei das brigas. Eu cansei dos espelhos. Eu cansei de acordar. Eu cansei de querer chamar a atenção. Eu cansei de me fazer de vítima. Eu cansei de ser uma menininha assustada. Mas eu só tenho medo! Eu cansei da culpa! Da culpa que corrói cada pedaço de mim! Eu cansei de me sentir ridícula. Eu cansei dos desejos, das vontades. Eu cansei dos sons. Eu cansei das provocações baratas e joguinhos bobos! Eu cansei da minha timidez. Eu cansei do meu embaraço. Eu cansei da minha pele. Eu cansei da minha forma. Eu cansei da minha voz. Eu cansei das minhas reclamações e irritações. Eu cansei de ser humana. Eu cansei dos discursos, dos protestos. Eu cansei do meu olhar perdido. Eu cansei de cansar. Eu cansei de não saber. E cansei de saber. Eu cansei da gravidade. Eu cansei de ter os pés no chão. Eu cansei do amor. Eu cansei de só saber amar com raiva. Eu cansei da raiva. Mas a raiva que eu sinto de mim só aumenta. Eu cansei do ar. Eu cansei de respirar. Eu cansei de respirar fundo. Eu cansei de suspirar. Eu cansei de erguer a cabeça. Eu cansei do meu estômago. Eu cansei da ânsia. Eu cansei do aperto no peito. Eu cansei de querer agradar. Eu cansei de esperar a perfeição. Eu cansei de exigir. E de ser exigida. Eu cansei de querer abraçar o mundo. Eu cansei de me importar. Eu cansei de culpar os outros pela minha dor. Eu cansei da minha dor. Eu cansei de soltar a corda toda vez e me jogar no fundo do poço. Mas eu também cansei da superfície. Eu cansei do desânimo. E da preguiça. Eu cansei da rejeição. Eu cansei de ser amiga. Eu cansei da solidão. E cansei da companhia. Eu cansei de existir. Eu cansei de insistir nos mesmos erros. E cansei de tentar aprender com eles. Eu cansei do errado. E do certo. Eu cansei das coisas. Eu cansei da essência. Eu cansei desse texto. Cansei do desabafo. Cansei de tentar fazer algum sentido. Eu cansei do desespero. Eu cansei da desesperança. E da esperança. Eu cansei do antigo. Eu cansei do novo. Eu cansei das cores. E do preto e branco. Eu cansei de ser irresponsável. E cansei da responsabilidade. Eu cansei de crescer. Eu cansei de ser adulta. Eu cansei da idade. Eu cansei dos apoios. Eu cansei dos remédios. Eu cansei da falsa sensação de bem estar. Eu cansei da superação. Eu cansei da sobrevivência. Eu cansei do instinto. Eu cansei... Eu cansei de mim.
(04/10/2010)

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"Pulos...

Pulos desesperadores...

Ele se debate...

O chão agora é seu inimigo...

Ele se debate...se debate...

A angústia se intensifica...

Minutos de terror!

...

Os pulos já não são mais intensos...

Seus movimentos perdem força...

A luta desesperada pela sobrevivência desaparece...

Já não se debate mais...

O peixe fora d'água já não se move...

Morreu!"

(11-16/09/07)


É isso. O peixe fora d'água morreu... E eu cansei de morrer.

3 comentários:

Felipe disse...

Você pode estar cansada de tudo, mas nunca esteja cansada para tentar mudar, para recomeçar. Na verdade, nos cansamos das coisas para que assim tenhamos forças para recomeçar. Estar conformado é perigoso.
Saudações, e boa sorte.

Tally M. disse...

e você é uma grande escritora desde sempre, né? linda! gosto tanto de vc!
beijo beijo

Karina Zichelle disse...

"não sou triste, sou poeta..."

amo vc, sister!

Beijos^^