segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Falei de constrangimento no último texto e cá estou constrangida por tê-lo escrito. Não sei bem porque, mas ele não está me satisfazendo agora. Acho que foi um desabafo precipitado, não sei, não era bem o que eu queria dizer, mas ele tem a sua importância, eu valorizo os desabafos, naquele momento pareceu ser o que eu queria dizer, por mais que agora não seja. Então o texto registrou um momento meu, é único e, portanto, rico. É a minha vida! Mas eu tenho vergonha da minha vida! Ok, esse assunto foi o mesmo do último texto, então por que estou me repetindo? Eu cansei de me repetir! O cansaço também é tema batido por aqui... tsc tsc... Preciso de coisas novas para me cansar! Preciso de dores novas! As velhas já encheram... É sempre o mesmo: nunca me sinto pertencendo a algum lugar! Tá na hora de trocar o disco. Tá na hora de focar noutras coisas. Tá na hora de eu começar a escrever o livro que sempre quis escrever, talvez rendesse mais do que escrever tantos desabafos... sei lá, podia voltar a escrever contos e mais poesias, mesmo que eu me frustre por não ser uma escritora genial. Ok, eu sei, eu me cobro demais! Quero uma perfeição impossível... Eu devia relaxar mais. Eu levo as coisas muito a sério. Muito mesmo! E daí se algumas coisas não saírem como o planejado? E daí se eu quebrar a cara algumas vezes? E daí se eu rir dos problemas de vez em quando? E daí se eu for ridícula? Por que eu tenho tanto medo do ridículo? E daí se eu não tenho a beleza padrão? Se meu cabelo não é igual do comercial da L'Oréal? Essas coisas não importam... há quem ache que uma pessoa vale a pena se tiver no padrão. Eu não acho, então eu não deveria querer me encaixar no padrão só pra ser aceita por essas pessoas. É tão bom não estar no padrão. Eu não sou um rótulo! Eu sou uma e sou tantas ao mesmo tempo. Eu valho a pena, poxa! Eu não deveria me sentir um peixe fora d'água por pensar diferente da maioria que me cerca. E não estou dizendo que sou melhor do que a maioria por ser diferente. Na verdade, eu sou igual, mas eu sinto como se fosse diferente. Mas igual, diferente, que importância tem? Eu sou humana. Cheia de defeitos e qualidades como qualquer outra pessoa. Cheia de sentimentos e pensamentos e contradições. E hipocrisia. E confusões e dúvidas. Eu vou ser injusta às vezes. E ser injustiçada tantas outras vezes. E vou lutar pra mudar isso. E vou sentar e não fazer nada, outras vezes. Eu vou magoar as pessoas. Muitas pessoas. E vou ser magoada muitas vezes. E desprezada. E rejeitada. E pisada. E maltratada. E esquecida. E superada. E ferida. E vou me sentir uma aberração, alguém que não merece ser amada. E meu peito vai apertar e vou sufocar de dor. E vou pensar coisas ruins de mim mesma. E vou querer acabar comigo mesma. E vou acabar se acreditar nisso. Mas aí alguém vai sorrir pra mim. Ou eu vou olhar pela janela e ver cachorros sem donos em bando atravessando uma rua e vou sorrir. Porque a vida pode ser simples, às vezes. E vou ver o pôr-do-sol e o rosa no céu. E o formato engraçado das gotas d'água no chão enquanto tomo banho. E vou sentir o vento dançando com meus cabelos. Ou fazendo rodopiar um saco plástico perdido pelas ruas. E vou abraçar meus bichos de pelúcia e conversar com eles. E vou rir por me achar tola por fazer isso. Mas vou continuar. E vou criar histórias mirabolantes e aventuras excitantes só porque é engraçado poder imaginá-las. E vou fazer confidências para o travesseiro. E vou tocar as paredes de todos os lugares que visitar só pra saber que textura tem. E vou imaginar as pessoas em situações bizarras. E rir por imaginar os amigos tomando banho ou usando o banheiro. Eu vou ver flores coloridas e sentir paz por poder ver as cores. Eu vou soltar bolhas de sabão. Muitas bolhas de sabão. Porque eu amo bolha de sabão e sua leveza! Eu vou lembrar da infância e de como era mágico ser criança. E ainda é mágico! Pois apesar de toda dor que sufoca o peito, eu ainda tenho os olhos de menina. Eu ainda sou a menina que se encanta com pisca-pisca no Natal. E que acredita em Papai-Noel. Pode falar que ele é um porco capitalista. Só que é o seguinte: a menina aqui sempre recria as coisas. O meu Natal não é o Natal cristão, o meu Papai-Noel não é o Papai-Noel que todo mundo conhece. O meu é só meu. As luzes piscando pela cidade são vagalumes. Eu amo luzes! Brancas, azuis, rosas, vermelhas, amarelas, roxas, cor de burro quando foge. A luz que for. Eu reinvento tudo. E dou o meu significado pra tudo. Você pode aceitar a maneira que as coisas foram feitas ou modelar a sua própria maneira. Eu acho mais divertido brincar com as coisas. Falando assim, nem pareço a pessoa que leva tudo a sério! Mas eu sou contraditória. E eu sou tantas, como disse. A mulher é a séria, a menina é a brincalhona sorridente. Eu sou as duas ao mesmo tempo. É, é difícil fazê-las conviver, mas é possível. Assim, dessa forma confusa... Eu sou pessimista e otimista de uma só vez. Com a mesma graça que vejo algo, enxergo sem graça. Não sei se você me entende... no fundo, todo mundo é assim assim.
Eu só sei que me encho de furor quando me sinto injustiçada e me encho de paz ao ver as gotas da chuva na janela escorrerem quase como se estivessem apostando corrida umas com as outras. E eu sinto vontade de chorar toda vez que me deparo com algo assim. E eu sinto vontade de sair pelo mundo correndo e chegar num lugar beeem alto e rodopiar com os braços abertos, sentindo o vento dominar todo o meu corpo. Mas eu também às vezes sinto vontade de me jogar desse lugar alto. E deixar meu corpo estatelar no chão. E eu sinto vontade de me rasgar. E eu sinto vontade de ficar sozinha. E sinto vontade de segurar a mão de alguém às vezes só pra ter certeza de que tudo ficará bem. E eu quero olhar as estrelas. Porque eu amo estrelas. E eu as sinto brilhar aqui dentro, já disse isso mil vezes, elas tremulam aqui, tal qual disse Clarice Lispector. Eu queria poder tocar as estrelas. Segurar uma por uma e roubar algumas. As mais bonitas. Só pra deixar as "feias" no céu pras pessoas aprenderem a apreciar o feio de vez em quando.
E eu quero dar beijos, muitos beijos. Beijar bochechas, bocas, pescoços, mãos, ombros...
E eu quero abraçar... quem for, o que for... envolver o que me cerca.
E eu quero ter mil rostos... mil corpos... mil vozes e sorrisos e risadas e choros. E eu quero que o meu sorriso seja o mais encantador para alguém. O sorriso que faz o coração parar, como diz uma música do Capital Inicial... E eu quero não sentir timidez... quero estar com as pessoas e me sentir confortável, completamente confortável e à vontade... e às vezes, quero me sentir desconfortável... às vezes quero que me deixem com vergonha, para adorarem meu rosto vermelho.

As pessoas falam de uma realidade que eu não sei sentir. Porque eu sempre fui utópica e sonhadora e fã de ilusões. Mas às vezes eu acho que quem se ilude são as pessoas que pensam que não podem ter uma vida de sonhos. É, pelo jeito, eu não levo as coisas tão a sério assim. Na verdade, quando falo em levar a sério, é porque eu sou tão intensa que quando algo me incomoda, me incomoda pra valer. Mas também quando sonho, é pra valer. Quando brinco, é pra valer. Seja algo ruim ou bom, é pra valer, é intenso. Eu sinto tudo... o problema é que de um tempo pra cá, tenho me sentido mal, pesada, mas eu quero a leveza da bolha de sabão!!! Eu quero flutuar por aí... não quero ter corpo nenhum me prendendo aqui... E eu só queria encontrar outras bolhinhas de sabão pra viajarem comigo... Você quer ser uma bolha de sabão pra partir comigo?

Pode ser fácil flutuar... só é preciso se permitir... eu vou me permitir de vez em quando, só pra variar. ;)

Um comentário:

Tally M. disse...

aí, lendo esse texto, lembrei de toda a história de Coré e Perséfone, de onde eu comecei a criar minha perosnagem (e, como todo mundo percebeu, parei, pq não crio mais nada, hahahahaha).
gosto tanto de vc, menina!
que vc tenha uma vida repleta de bolinhas de sabão! eu sopro algumas, pode deixar!
beijão