domingo, 17 de outubro de 2010

Tenho me sentido estranha... constrangida... Se bem que sempre me senti assim, desde que me conheço por gente eu estranho esse mundo, eu estranho a mim mesma e sinto constrangimento por estar aqui. É como se eu tivesse que pedir licença e desculpas o tempo tempo pra viver. Porque eu sempre me senti fora do lugar. Aí eu vou andando pelas beiradas, tomando cuidado pra não ser vista. Mas aí eu me encho de coragem e grito pro mundo que eu tô aqui. E depois me arrependo e a culpa aumenta. Que pretensão a minha querer que o mundo me veja! Quem eu sou? Uma ninguém... sou só mais uma vagando num mundo que não me pertence e que não pertenço. Eu não me encaixo aqui! Eu não me encaixo em lugar nenhum! Mas, ao mesmo tempo, eu queria estar em todos os lugares, em cada cantinho desse planeta, eu queria conter em mim todas as coisas! Mas não dá... eu deveria parar de desejar o que não dá. Mas viver sem sonhos é tão sem graça... E viver sonhando é desesperador...
O constrangimento não me deixa... eu sinto vergonha de mim... eu não consigo encarar as pessoas, as coisas... não suporto que elas me encarem de volta... Eu quero sumir... Mas, no fundo, eu gostaria de ser percebida, mas não da maneira que eu me encontro, mas talvez da maneira que eu seja realmente e que está perdida por aí. Eu não gosto da maneira que estou. Pois não é possível que eu seja assim, eu estou assim, apenas... por um motivo que eu não faço idéia... ou será que eu simplesmente não quero aceitar que essa Raquel seja a Raquel? O que há de errado com a Raquel? Não sei se há algo de errado, mas também não parece certo... Eu não sei... eu apenas não consigo olhar pra mim mesma e me ver! Por que eu não posso simplesmente estar bem? Por que eu tenho que arranjar uma maneira de me sentir mal? Por que eu gosto da tristeza? Por que eu não posso apenas acordar e me sentir viva? E por que tantos "porquês"? Eu procuro um sentido que não é possível achar. Uma coerência que não existe! Eu preciso viver uma coisa de cada vez. Mas eu quero atropelar tudo, maldita ansiedade!!! Eu quero ter tanto controle sobre as coisas que não me permito me perder... mas eu me perco... mas se eu não tivesse medo de me perder, perder-se não seria ruim... mas é tanto medo... eu preciso ter controle sobre as coisas!!! Mas eu queria me perder em um abraço... será que um dia vou confiar tanto em alguém a ponto de me entregar completamente ao seu abraço? Eu amo abraços... mas eles têm sido tão distantes... eu queria um abraço que fosse além dos corpos juntos, um abraço de alma, de essência, de sentimento, de pensamento, um abraço que realmente fundisse duas pessoas e não apenas tocasse dois corpos que não significam nada! Aliás, cansei dos corpos e de suas formas previsíveis... o que eu quero não tem forma!
Eu queria deixar de racionalizar... aceitar o caos e ter paz! Mas não me parece possível...
Está tudo tão distante de mim...
Eu quero ir embora... sair daqui... sair da mesmice (ou mesmisse?)... fugir do marasmo... fugir de mim... não aguento mais as mesmas coisas e pessoas!!! Os mesmos pensamentos cutucando incessantemente... a dor agulhando o peito... o ar que sufoca...
Eu vou embora antes que esmoreça de vez!
Adeus!

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