Sabe o disco de Newton? Aquele das cores que quando você gira rapidamente fica branco? Eu estou assim. Sinto tanta coisa ao mesmo tempo rodando aqui dentro que é como se fosse uma coisa só. E é como se o tudo fosse nada.
Eu me sinto apagando... E tudo ao meu redor está se apagando também. Já não distingo as coisas. Eu as vejo, vejo suas formas e contornos, eu as toco, mas é como se elas não existissem. É como num sonho, talvez. Estou perdendo a realidade. Estou presa em algum lugar entre a ilusão e o concreto. Eu não sinto o chão, é como se eu flutuasse e saísse de mim, mas ainda assim, eu me sinto emparedada. Nem que esse emparedamento seja da imensidão do espaço me oprimindo. E é tudo tão contraditório que sinto as coisas se anulando. Eu estou anulando. Deixando de existir*.
Não tenho ar. Estou sufocando! E as pernas tremem!
Estou entrando num estado de dormência que há muito não sentia. Sinto-me perder na imensidão. Desintegrando... É atordoante... Desespero sufocante, grito abafado. E nem adianta eu me debater. O corpo paira no borrão branco.
Eu estou tão desnorteada que não sei o que escrevo. Eu não tenho mais certezas... Não sei no que acreditar, se é que é para se acreditar em algo. Todas as minhas contradições se escancaram e é tudo caótico. E são muitas perguntas e não há respostas. Um emaranhado de idéias, pensamentos, conceitos me engole. Não há saída. Eu sabia que iria enlouquecer! E a loucura é tão solitária...
*
A morte absoluta
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Morrer mais completamente ainda,
Sem deixar sequer esse nome.
(Manuel Bandeira)
3 comentários:
e eu parafraseio o Mário Bortolloto (num dos últimos posts dele) "eu ando com a mesma sensação de derrota que me acompanha o tempo todo"...
beijos, dear^^
mas a "uma coisa só" ainda é a união de todas as cores, não é? então, não deixa de ser bonito...
beijão
OI!
SOU UMA GAROTA PROBLEMÁTICA
QUE UM DIA COLOCAVA TUDO QUE SENTIA NO PAPEL.
estou tentado fazer isso novamente
confesso que seu blog me espirou.
por que li o que você escreve.
a parece que estou lendo meu próprio textos.
Não sei exatamente como me sinto ao perceber que você parece se sentir como eu, tantas vezes não sei como é sua vida.
eu me culpo por me sentir assim as vezes,e tenho dificuldade d escrever meu sentimentos por me importar d+ com os outros.
eu não sei como podes ser.
aleguem achar bonito um texto angustiaste escrito por algum mas .
estes são puro sentimento.
e os sentimentos.
acho que ai esta a beleza.
são um pouco de você.
gostaria de quem sabe conversar um pouco com você que parecer ser uma garota muito talentosa,inteligente e sensível.
eu não quero invadir seus texto nem imita-los ou sei la.
acho que temos muito em comum.
e que talvez possamos ser amigas.
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