quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sabe o disco de Newton? Aquele das cores que quando você gira rapidamente fica branco? Eu estou assim. Sinto tanta coisa ao mesmo tempo rodando aqui dentro que é como se fosse uma coisa só. E é como se o tudo fosse nada.
Eu me sinto apagando... E tudo ao meu redor está se apagando também. Já não distingo as coisas. Eu as vejo, vejo suas formas e contornos, eu as toco, mas é como se elas não existissem. É como num sonho, talvez. Estou perdendo a realidade. Estou presa em algum lugar entre a ilusão e o concreto. Eu não sinto o chão, é como se eu flutuasse e saísse de mim, mas ainda assim, eu me sinto emparedada. Nem que esse emparedamento seja da imensidão do espaço me oprimindo. E é tudo tão contraditório que sinto as coisas se anulando. Eu estou anulando. Deixando de existir*.
Não tenho ar. Estou sufocando! E as pernas tremem!
Estou entrando num estado de dormência que há muito não sentia. Sinto-me perder na imensidão. Desintegrando... É atordoante... Desespero sufocante, grito abafado. E nem adianta eu me debater. O corpo paira no borrão branco.
Eu estou tão desnorteada que não sei o que escrevo. Eu não tenho mais certezas... Não sei no que acreditar, se é que é para se acreditar em algo. Todas as minhas contradições se escancaram e é tudo caótico. E são muitas perguntas e não há respostas. Um emaranhado de idéias, pensamentos, conceitos me engole. Não há saída. Eu sabia que iria enlouquecer! E a loucura é tão solitária...


*
A morte absoluta

Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
Sem deixar sequer esse nome.

(Manuel Bandeira)

3 comentários:

Karina Zichelle disse...

e eu parafraseio o Mário Bortolloto (num dos últimos posts dele) "eu ando com a mesma sensação de derrota que me acompanha o tempo todo"...

beijos, dear^^

Tally M. disse...

mas a "uma coisa só" ainda é a união de todas as cores, não é? então, não deixa de ser bonito...
beijão

»♥« äð®¡äñä»♥« ☼я♀♪乙♡ disse...

OI!
SOU UMA GAROTA PROBLEMÁTICA
QUE UM DIA COLOCAVA TUDO QUE SENTIA NO PAPEL.
estou tentado fazer isso novamente
confesso que seu blog me espirou.
por que li o que você escreve.
a parece que estou lendo meu próprio textos.
Não sei exatamente como me sinto ao perceber que você parece se sentir como eu, tantas vezes não sei como é sua vida.
eu me culpo por me sentir assim as vezes,e tenho dificuldade d escrever meu sentimentos por me importar d+ com os outros.
eu não sei como podes ser.
aleguem achar bonito um texto angustiaste escrito por algum mas .
estes são puro sentimento.
e os sentimentos.
acho que ai esta a beleza.
são um pouco de você.
gostaria de quem sabe conversar um pouco com você que parecer ser uma garota muito talentosa,inteligente e sensível.
eu não quero invadir seus texto nem imita-los ou sei la.
acho que temos muito em comum.
e que talvez possamos ser amigas.