sábado, 4 de maio de 2013

Eu estou aqui? Pergunto-me olhando o espelho.
Este rosto nada me diz. Nada!
Meus olhos são cavernas que me escondem bem lá no fundo, em algum lugar na escuridão.
Eu estou lá!
Eu escuto as asas dos morcegos batendo como o furacão que arranca as folhas e as destroçam no chão!
Sinto frio!
Repugnância! O gosto amargo da solidão saliva por entre os dentes!
Escarro!
O amargor permanece! A alma suja, vil, não pode ser expurgada!
Os olhos morcegam por toda parte - inquisidores!
O espelho ainda está lá! Zombeteiro! Ejacula o seu escárnio!
Fracasso! O grito estronda e morre!
O silêncio serpenteia meu corpo!
Emparedada, sufoco!
Afogo! Afônica! Atônita!
Eu estou lá em algum lugar da caverna escura...

(Raquel Zichelle - 03/05/2013)

A culpa chicoteia o corpo!
As marcas envergonham!
A culpa chupa o seio ferido!
Carne viva!
Sangue-ferrugem-saliva!
A culpa insemina a vergonha!
A culpa penetra a pele!
A culpa goza o assombro!
A culpa cospe o temor sobre o corpo condenado!
A culpa esquarteja o corpo!
A culpa incendeia o corpo-resto! O corpo-morto! O corpo-pó!
Pó!
A culpa esfarela a sobra!
Assopra!
Nada!

(Raquel Zichelle - 03/05/2013)

O sorriso outrora rasgado jaz pregado na face.

(Raquel Zichelle - 03/05/2013)


Um comentário:

Tally M. disse...

sempre bom te ler... =)