segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sinto que estou fora de mim... como se eu não pertencesse ao meu próprio corpo, é como se não existisse corpo... nenhum corpo... nem o meu nem de nada. Eu vejo as coisas concretas e suas formas, eu vejo a minha forma, mas o que vejo não é o que sinto... não sinto as formas, os contornos, é como se tudo fosse uma coisa só, uma mancha, um borrão. Como se eu me misturasse no "Tudo" e por fazer parte do "Tudo" eu fosse "Nada". É como se eu não existisse. Não é estranho existir sem que se sinta existindo? Eu me olho no espelho, eu vejo meu rosto. Ele tem uma aparência engraçada, mas este rosto não significa nada, seus traços, suas feições, nada me dizem... só são engraçados... eu me vejo como se estivesse vendo outra coisa, outro alguém, porque eu não existo... ou melhor, eu não sinto a minha existência. Eu não sinto a existência de nada. Entre o que eu vejo e o que eu sinto há um abismo. As dores que eu sinto não são minhas... as dores são ausências... as dores são faltas... não se sentir deixa buracos... achava que a dor me preenchia, que doía por estar viva. A dor é só o buraco... o vazio... eu não me sinto... não sou um corpo no espaço... sou apenas o espaço... transparente...

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