segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Professor" sair gritando com os alunos no meio do corredor depois de uma apresentação, com o público ainda lá, é um desrespeito muito grande. E mais, é anti-ético e anti-pedagógico. Para ser um educador não basta ser um artista brilhante. Eu acredito na educação sem hierarquias, na educação que coloca o professor e o aluno no mesmo patamar, sem autoritarismo, sem superioridade, sem imposição. A educação "cala a boca e me escuta" já deveria estar ultrapassada. Concordo com o que diz Paulo Freire, "educar não é transferir conhecimento", então não me venha impor as suas verdades achando que eu tenho que aceitar passivamente. Não venha berrar as suas ideologias querendo enfiá-las goela abaixo. "Teatro é sagrado", ele gritou. Eu concordo, mas ele é sagrado por ser uma arte que é maior do que nós mesmos, maior do que nossos egos, maior do que ter seu nome em jogo (como ele tanto se preocupou). Mas se o "sagrado" tender ao fanatismo, dogmatizando a arte, colocando verdades absolutas e inquestionáveis, a arte deixa de ser, ao meu ver, arte. Eu, humildemente, escrevo essas palavras. Eu estudo e faço teatro há pouco tempo, o que eu sei se torna insignificante perto de tanto conhecimento que alguns artistas possuem (embora eu ache que nunca ninguém vá realmente saber teatro, arte pra mim não esgota o seu saber, é isso que me fascina), eu tenho a consciência de que nada sei, e quero passar a vida inteira aprendendo (e ensinando também, pq sou daquelas que acha que só se ensina aprendendo e vice-versa) e espero morrer ainda com aquela vontade de aprender. Se eu chegar ao ponto de achar que detenho verdades absolutas e por isso eu posso impô-las pras pessoas, então, minha vida não fará mais o menor sentido. Se eu achar que um aluno meu está indo para um caminho no qual EU não acho o melhor a ser seguido, o que eu devo fazer enquanto educadora é orientá-lo, ou melhor, apresentar para ele outros caminhos e deixar que ele pense, reflita e faça as suas próprias escolhas. Eu devo estimulá-lo a questionar, a pensar sobre as coisas e não berrar simplesmente: "NÃO FAÇA ISSO" e ponto final. Eu me questiono todos os dias sobre o que é arte, o que é teatro e não encontrei uma resposta que me satisfizesse (e acho que não terá uma só resposta), e acho que ninguém pode dizer pra mim o que é. NINGUÉM mesmo! Desculpe-me se eu não aceito imposições, se eu questiono (mesmo que internamente) tudo, TUDO, o que me dizem. Só assim eu saio do lugar, só assim eu aprendo! Aceitar o que o professor diz não me ensina absolutamente NADA.
Certamente, tudo isso que escrevi é questionável, apenas apresentei a minha maneira de ver a educação, mais especificamente, a educação de teatro. E também quis desabafar, pois fico profundamente abalada (e revoltada) quando um "professor" toma atitudes que, ao meu ver, podam o aprendizado em vez de estimulá-lo. E o pior, quando estas atitudes são tomadas pela pessoa que você menos esperava, pela pessoa que você tanto admirava. Por isso, volto a repetir, ser um artista brilhante não faz de você um educador. Mas é lamentável que numa ESCOLA de teatro se priorize o artista brilhante e se negligencie o educador.
É com profunda tristeza e decepção que finalizo este texto.

Um comentário:

karina disse...

as minhas palavras...