sábado, 19 de dezembro de 2009

Eu falo e as palavras parecem não ter força, é como se o que eu dissesse nunca tivesse sido dito. Palavras atrás de palavras caem, se desmancham, não significam nada. E eu fico aqui, gritando, tentando fazer com que elas sejam firmes, mas o esforço é em vão. Nem eu mesma as escuto, elas saem de mim e eu nem as sinto. Nada faz sentido pra mim. Talvez eu devesse parar de tentar. Quando eu fico em silêncio, as palavras não ditas têm peso, são concretas. O que eu não digo, o que eu não transformo em frases, fica aqui dentro pulsando, se prendendo nas paredes, nos tecidos, mergulhando no sangue. O que eu não digo faz sentido! Porque a partir do momento que eu pronuncio uma palavra, ela perde a essência. A essência só é possível aqui dentro. Vagando no ar, ela se desfaz. Mas manter essa essência aqui é um fardo e preciso dividí-lo com alguém. Por isso, eu berro! Você consegue me ouvir? Eu não consigo me ouvir! O que eu digo é linear, mas consegue ser mais confuso do que palavras misturadas, desordenadas girando freneticamente na minha mente! E aqui dentro é uma loucura! É uma loucura, mas é tão lúcido pra mim! É claro, é transparente! Fora não! Fora é obscuro! Tento a todo custo expressar a essência das palavras porque mantê-la em segredo dói! E este é meu mal! Não posso dizer e também não posso ficar calada! Má sina! Infeliz sorte! Sofro porque nunca, nunca expressarei com perfeição e exatidão o que se passa no meu âmago. E quanto mais eu tento, mais a busca se torna desesperadora! Estou sendo consumida pelo fracasso...

4 comentários:

Tally M. disse...

quando não conseguir falar, escreva! isso, eu garanto, vc faz e faz muito bem!
amo-te!
beijoca

Karina disse...

Uma pitada de sinestesia e a sua poeticidade que a você parece não existir, ganha vida.
bjs
^^

maybe disse...

I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^

Anônimo disse...

Schiller: "Quando a alma fala, já não fala a alma" . Um abraço, Raquel.